Fusariose - causada pelo fungo Fusarium subglutinans, é a doença mais importante da cultura do abacaxi no Brasil, onde é encontrada em quase todas as regiões produtoras. Pode provocar grandes perdas na produção de frutos, que podem atingir taxas superiores a 80%, caso a floração e a frutificação ocorram em períodos chuvosos e de temperaturas mais frias. As principais variedades de abacaxi plantadas no Brasil ('Pérola', 'Smooth Cayenne' e 'Jupi') e outras ('Gold' ou `MD2' e 'Gomo de Mel') são suscetíveis a esta doença, cuja disseminação a longas distâncias ocorre por meio do transporte de mudas infectadas. Dentro do plantio ou entre plantios de uma mesma região, o fungo se espalha pela ação do vento, salpicos de chuva e por insetos que visitam as inflorescências. Neste caso, o patógeno utiliza aberturas naturais (flores abertas, rachaduras nos frutos em crescimento) ou artificiais (ferimentos, lesões por insetos) para causar doença.
A fusariose ataca praticamente todas as partes da planta, com destaque para a inflorescência, a infrutescência e o material propagativo (filhotes e rebentões) (Figura 1a). Quando observada nas plantas jovens, a doença é decorrente do plantio de mudas infectadas. Os sintomas nas plantas atacadas são folhas amareladas, com o "olho" aberto e exposição das folhas mais novas (Figura 1b); redução no tamanho das folhas; presença de resina ou goma na base das folhas, próxima ao caule; curvatura para um lado ("olho torto"); ausência ou redução no desenvolvimento de raízes; e mesmo a morte da planta. Os sintomas nos frutos doentes são a exsudação de goma no centro do frutilho atacado e apodrecimento da polpa (Figura 1c). A fusariose do abacaxizeiro também pode ocorrer nas mudas dos tipos coroa, filhote e rebentão, que são infectadas quando ainda aderidas à planta-mãe. O plantio dessas mudas dá origem a plantas doentes que deverão ser arrancadas e enterradas ou queimadas pelo produtor.
Em função da gravidade e elevadas perdas, a fusariose deve ser controlada antes mesmo de se iniciar um novo plantio. Sempre que possível, deve-se utilizar variedades resistentes, a exemplo da 'Imperial' e 'Vitória'. Todavia, isto depende da disponibilidade de mudas, da adaptabilidade da variedade e da aceitação pelo mercado consumidor. No caso de utilização de variedades suscetíveis à fusariose, como a 'Pérola', a 'Gomo de Mel', a 'Gold' ou a 'Smooth Cayenne', o controle é obtido pela adoção de um conjunto de práticas, descritas a seguir:
Não deixar restos de cultura nem plantios abandonados, pois são fontes de contaminação para os outros plantios. A eliminação desses restos de cultura pode ser feita por meio de roçagem, enterrio ou queima controlada das plantas doentes;
Para os novos plantios deve-se usar somente mudas sadias. O agricultor deve visitar as plantações de onde serão retiradas as mudas para um novo plantio antes da colheita dos frutos. Deve-se rejeitar mudas de áreas com presença da doença nos frutos. A melhor opção para produção de mudas sadias é utilizar a técnica de seccionamento do caule, que permite também a produção de grande quantidade de mudas numa área pequena;
É muito importante que durante a realização dos tratos culturais, como as adubações e controle do mato, se elimine todas as plantas doentes que forem encontradas no plantio, por meio da queima ou enterrio;
Sempre que possível, planejar o plantio e o tratamento para indução floral de forma que o florescimento coincida com condições desfavoráveis à ocorrência da doença, ou seja, em épocas mais quentes e menos chuvosas;
O controle químico da doença nos frutos deve ser preventivo, principalmente se a floração ocorrer em períodos de temperaturas mais baixas e maior umidade do ar. A pulverização deve cobrir toda a inflorescência, pois o fungo penetra pelas flores abertas. Devem ser utilizados apenas fungicidas registrados para a cultura do abacaxi (Tabela 1). Para controle eficiente é necessário iniciar as pulverizações cerca de 35 dias após o tratamento de indução floral. As pulverizações devem ser repetidas a cada sete dias e devem se estender até o fechamento de todas as flores abertas. As pulverizações devem ser feitas nas horas mais frescas do dia, sem chuva, de preferência no começo da manhã, a fim de melhorar sua eficiência. Caso chova até três horas após a pulverização, esta deverá ser repetida. Verificar periodicamente o surgimento de novas inflorescências, situação que exige o mesmo tratamento preventivo;
Uma prática de controle alternativo à aplicação de fungicidas é realizar a proteção mecânica das inflorescências com sacos de papel dupla face, antes da abertura das primeiras flores; em algumas situações pode ser usado saco de papel comum. A proteção mecânica é uma prática recomendada para pequenos plantios, onde se utiliza a mão-de-obra familiar.
Queima-solar do fruto - Também chamada de escaldadura, é um problema no fruto decorrente da exposição anormal de uma de suas partes à ação dos raios do sol. Ocorre no período próximo da colheita, quando os frutos tornam-se mais sensíveis e é mais intensa quando o fruto tomba para um lado. Pode causar perdas de até 70% na produção, sobretudo quando a colheita coincide com épocas de alta radiação solar e temperatura. Desta forma, é necessário que os frutos sejam protegidos nessas épocas.
A proteção deve ser feita principalmente do lado do sol poente, de várias formas: a) utilizar materiais vegetais (capim seco, palha de bananeira, mudas de abacaxi, etc.), papel de jornal, sacos de papel, e outros; b) amarrar as próprias folhas do abacaxizeiro sobre os frutos, por exemplo, levantar as folhas mais compridas em volta do fruto e amarrá-las acima do mesmo com um cordão ou com uma das próprias folhas da planta.
Outras medidas complementares são: a) efetuar o plantio no sentido Leste-Oeste; b) fazer a indução floral de forma que a colheita ocorra em épocas de radiação solar mais baixa; c) fazer a adubação de acordo com as recomendações técnicas, para reduzir o tombamento de frutos.
Podridão-negra -É uma doença que ocorre no fruto depois da colheita. Para ser evitada, deve-se pincelar a parte cortada do pedúnculo com um fungicida à base de triadimefon (30 g do p.c. por 100 L de água), no momento da colheita, ou, então, usar uma esponja encharcada com a solução desse fungicida