O oídio é uma doença provocada pelo fungo
Uncinula necator Burr. Este fungo é originário
da costa Este dos EUA (1834). Em 1845 chegou a Inglaterra e invadiu toda a Europa, entre
1847 e 1851, chegou a Portugal. Esta doença
é também conhecida como farinha, farinhato,
cinzeiro. O Oídio da vinha é uma doença presente em todos os países vitícolas, variando a
sua incidência com as regiões e as castas. O
oídio é depois da podridão cinzenta, a doença
mais disseminada no mundo.
Taxonomia
Reino Fungi
Divisão Eumycota
Sub-divisão Ascomycotina
Classe Pyrenomycetes
Ordem Erysiphales
Família Erysiphaceae
Género Uncinula Lev.
Espécie Uncinula necator (Schw.)Burr
Ciclo Biológico
O oídio é causado por um fungo ectoparasita obrigatório, cujo micélio se desenvolve no exterior dos tecidos verdes (folhas, pâmpanos, cachos), aos quais se fixa através de órgãos chupadores – os haustórios. São estes órgãos que penetram através da cutícula nas células epidérmicas e absorvem os nutrientes das células. O fungo passa o Inverno sob a forma de micélio hibernante (forma assexuada) e/ou sob a forma de cleistotecas (via sexuada). Quando, na Primavera, as condições são favoráveis o fungo inicia o seu desenvolvimento, verificando-se as infecções primárias que podem ser provenientes da via sexuada, as cleistotecas, onde se produzem os ascos e ascósporos, que, ao germinar, produzem micélio, com posterior
formação de conidióforos e conídios ou da via assexuada, isto é, do micélio hibernante nos gomos, que esporula, produzindo conídios. A partir dos focos primários e se as condições climáticas se mantiverem favoráveis ao desenvolvimento dos fungos podem ocorrer sucessivas contaminações secundárias durante todo o desenvolvimento vegetativo da videira.
Temperatura – A doença desenvolve-se em períodos de temperaturas baixas (10 ºC) mas
sem produção de esporos, havendo na Primavera um potencial de desenvolvimento da doença. Atinge o óptimo de desenvolvimento entre os 25 e os 28 ºC. Temperaturas acima de 40 ºC são-lhe letais.
Luz – Um ambiente favorável ao desenvolvimento do oídio é aquele em que as vinhas estão ensombradas, muito vigorosas e em condições de luz difusa. Por este facto, o oídio desenvolve-se preferencialmente na página inferior das folhas e nos cachos situados em zonas de iluminação difusa.
Humidade relativa – este elemento possibilita o desenvolvimento da doença acima dos 25%,
sendo duplicada a formação de conídios quando se passa de 30-40% para os 90-100%.
Chuva – um fi lme de água à superfície dos tecidos verdes prejudica a germinação dos conídios e impede a formação dos haustórios.
Chuvas abundantes, pelo efeito de lavagem, são inconvenientes ao fungo.
Epidemiologia
A videira está mais receptiva à doença através das folhas jovens, sendo que os períodos de
maior sensibilidade são os cachos visíveis, pré-floração e o fecho do cacho. Os períodos de
receptividade são muito irregulares: desde o aparecimento das folhas até ao aparecimento
dos cachos. A dispersão da doença é favorecida por rajadas de vento, chuvas fracas e pelas
práticas culturais.
Estragos e Prejuízos
A doença pode atacar qualquer órgão verde da planta e a gravidade do ataque depende do
momento em que é realizada infecção, reduzindo o crescimento, o vigor e a fertilidade
das cepas. Sob condições favoráveis, quando o ataque é precoce pode originar a perda total
da produção. Por outro lado os ataques localizados de oídio, para além de abrirem a porta
para a entrada da podridão cinzenta, dão origem a uma diminuição importante, quer do potencial produtivo, pela perda de peso e rendimento, devido à percentagem de bagos mais pequenos e redução do seu número por cacho, quer um efeito depressivo no potencial qualitativo dos vinhos, na acumulação de açúcar, na acidez e na intensidade da cor.
Meios de Protecção
A luta química é indispensável para combater os ataques de oídio, mas a luta cultural pode
ajudar a difi cultar a sua evolução.
No contexto da luta cultural à disposição devemos ter uma atitude preventiva de forma a
reduzir as possibilidades de instalação do fungo. Deve-se por isso ter em conta os seguintes
cuidados:
• Eliminar à poda os órgãos atacados;
• Controlar as infestantes;
• Evitar técnicas que induzam excesso de
vigor;
• Promover correcto arejamento do interior da videira.
A luta química aliada às medidas profi lácticas deve ser feita de forma preventiva, sistemática
e sem descontinuidade, sendo defi nida a oportunidade de intervenção tendo em conta a
maior receptividade da planta à doença (períodos críticos), a climatologia, as características e
modo de acção dos fungicidas.
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