segunda-feira, 26 de outubro de 2015
Indicadas para todo tipo de mal, ervas medicinais mantêm viva tradição secular em Manaus A vendedora de ervas medicinais Judith Formoso, 79, garante que as receitas dão certo. Ela trabalha há mais de 50 anos com as plantas e atende centenas de pessoas diariamente
O verde do boldo, do mastruz, da erva cidreira, do capim santo, amor crescido, corama, saião, entre outras variadas plantas medicinais, fazem do Box 47 um dos mais atraentes do Mercado Municipal Adolpho Lisboa, no Centro. De longe dá para sentir o cheiro das ervas, muito procuradas para tratamentos alternativos.
A vendedora de ervas medicinais Judith Formoso, 79, garante que as receitas dão certo. Ela trabalha há mais de 50 anos com as plantas e atende centenas de pessoas diariamente, que a procuram em busca de “bom chá” para curar todo tipo de doença.
“Os manauenses gostam de tomar chá para curar doenças e isso acaba despertando a curiosidade dos turistas, que chegam a minha banca curiosos para saber para que servem tantas plantas”, contou. Enquanto concedia a entrevista, clientes chegavam a todo o momento para comprar ervas. Fosse para crescer cabelo, para inflamação na pele, rinite, e até para arrumar um companheiro. “Para arrumar marido tem a essência da bota, mas é mais para quem tem fé e pensamento forte”, brinca.
Paciente e bem humorada, Judith ensina como fazer os chás, xaropes e banhos. “Essas ervas fazem um bem danado. Claro que existem doenças que é preciso da medicina convencional, que é o mais indicado. Mas os chás complementam os tratamentos e posso afirmar que dão certo”, garante a vendedora.
Judith ensina chá até para “refrescar a memória”. “Tem a folha de santo Cristo, boa pra memória e para menino preguiçoso. Também é usada para pessoas que bebem muita cerveja, bom pra largar o vício”. Já para queda de cabelo, ela recomenda passar amor crescido batido no couro cabeludo.
O amarelo dos óleos e o marrom das cascas das árvores também chamam a atenção, mas a cor que se destaca é o verde das plantas, pelo qual ela é apaixonada desde adolescente. “Aprendi desde jovem, quando fui interna no Patronato Santa Terezinha. Qualquer matinho para mim era especial”, lembra.
Herança
Viúva, filha de nordestinos, mas nascida em Manaus, a feirante casou com um filho de português que tinha uma horta na avenida Leonardo Malcher, no Centro. “Era uma horta muito grande, tinha todos os tipos de verduras e plantas”.
Aos 21 anos, ela passou a ajudar a sogra a vender as verduras no mercado, onde trabalha até hoje. “Ela gostava de me trazer porque dizia que eu atraía cliente. Agradeço muito à minha sogra, que me deixou essa banca como herança, e é meu ‘ganha pão’ até hoje”.
Ela conta que, uma das melhores coisas que aconteceu na vida dela nos últimos anos em Manaus, foi a entrega do mercado. “Passamos oito anos sofrendo, sem o nosso mercadão. Essa cidade não é a mesma sem este símbolo histórico. E eu sou muito feliz em trabalhar aqui”.
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