Fitopatologia: Ciência das doenças das plantas
sexta-feira, 30 de outubro de 2015
Protótipo criado pela Embrapa detecta doença que afeta pomares de laranja
A Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) desenvolveu o protótipo de um equipamento capaz de diagnosticar de forma rápida uma doença comum em plantações de laranja, conhecida como HLB ou greening, a mais destrutiva nos pomares brasileiros. A grande vantagem da técnica é identificar as plantas doentes antes que os sintomas apareçam. O HLB é uma doença sem cura causada por bactéria, com potencial de acabar com toda a plantação. Quanto antes o diagnóstico for feito, melhor.
O aparelho chamado Photon-Citrus é compacto e tem baixo custo de análise. Já passou pelas fases de pesquisa e estudos em laboratório, e os resultados animam os cerca de 30 pesquisadores envolvidos no projeto.
“Nós temos estudos em laboratório que mostram as taxas de acerto em torno de 90% em relação às três classes de folhas: sadias, sintomáticas e assintomáticas”, conta a pesquisadora da Embrapa Anielle Ranulfi, doutoranda em Física Aplicada na Universidade de São Paulo (USP). Ela está em Brasília apresentando o projeto no Pavilhão do Parque da Cidade, durante a 12ª edição da Semana Nacional de Ciência e Tecnologia, que vai até domingo.
Atualmente o diagnóstico da doença é feito por meio de inspeção visual, a olho nu, porque a outra opção é um exame de DNA que tem custo inviável para os produtores. “Uma equipe treinada pela própria fazenda caminha pelo pomar e busca os sintomas da doença nas plantas. Uma vez detectada a doença, o pé é erradicado para evitar que a bactéria seja transmitida para plantas sadias”, explica a pesquisadora.
Segundo ela, o principal problema dessa técnica é que quando a planta apresenta sintomas, a doença já está em uma fase avançada. “A acurácia do método de inspeção visual é baixa, de 50% em relação às plantas sintomáticas. E a fase assintomática é muito longa, então por um longo período as plantas ficam no campo sem que o produtor saiba que ela está doente e transmitindo a bactéria para plantas sadias.”
A transmissão da doença é feita por um inseto, que após se alimentar na planta doente, pode conduzir a bactéria até uma planta sadia.
O aparelho usa uma técnica chamada espectroscopia de fluorescência. “O aparelho tem um LED que ao incidir sobre a folha excita alguns compostos, e esses compostos respondem também emitindo luz. Essa luz é captada e separada nos seus diferentes comprimentos de ondas no equipamento e como resposta final a gente tem o espectro de fluorescência.”
A técnica foi desenvolvida partindo do fato de que plantas sadias tem uma composição química diferente da de plantas doentes. “A gente consegue fazer esse diagnóstico por meio das diferenças no perfil espectral obtido”, explica a cientista.
Segundo Anielle, o aparelho pode aumentar o controle da doença nos pomares. “Como a medição é simples e rápida, permite que os produtores testem todo o pomar, e eles podem até construir mapas de infestação da doença, por exemplo, para tratar as regiões com maior infestação de forma diferente, evitando o uso exagerado de agrotóxicos.”
O protótipo está em fase final de testes na Embrapa, prevista para encerrar em 2016, e o pedido de patente pela invenção já foi feito.
“A Embrapa não pode produzir ou comercializar, então a nossa intenção é transferir essa tecnologia para uma empresa que esteja disposta a produzir o equipamento”, conta Anielle. “A técnica agora está sendo estudada para outras culturas também”, contou.
segunda-feira, 26 de outubro de 2015
Aprenda a fazer repelente caseiro e evite a dengue
A dengue é uma das principais doenças causadas por mosquitos. Ela é transmitida por meio da picada de uma fêmea contaminada do Aedes aegypti, pois o macho se alimenta apenas de seiva de plantas. Um único mosquito desses, em toda a vida dele (45 dias, em média), pode contaminar até 300 pessoas.
A dica é preparar este repelente caseiro, com ingredientes de grande disponibilidade, fácil de preparar em casa, de agradável aroma e econômico.
Ele protege as pessoas e, ao mesmo tempo, diminui a fonte de proteína do sangue humano para o Aedes maturar seus ovos, atrapalhando assim, a proliferação.
Receita para o repelente:
1/2 litro de álcool
1 pacote de cravo da Índia (10 gr)
1 vidro de óleo de nenê (100ml)
Deixe o cravo curtindo no álcool uns quatro dias agitando, cedo e de tarde;
Depois coloque o óleo corporal (pode ser de amêndoas, camomila, erva-doce ou aloe vera).
Passe só uma gota no braço e pernas e o mosquito foge do cômodo.
O repelente evita que o mosquito sugue o sangue, assim, ele não consegue maturar os ovos e atrapalha a postura, vai diminuindo a proliferação.
Indicadas para todo tipo de mal, ervas medicinais mantêm viva tradição secular em Manaus A vendedora de ervas medicinais Judith Formoso, 79, garante que as receitas dão certo. Ela trabalha há mais de 50 anos com as plantas e atende centenas de pessoas diariamente
O verde do boldo, do mastruz, da erva cidreira, do capim santo, amor crescido, corama, saião, entre outras variadas plantas medicinais, fazem do Box 47 um dos mais atraentes do Mercado Municipal Adolpho Lisboa, no Centro. De longe dá para sentir o cheiro das ervas, muito procuradas para tratamentos alternativos.
A vendedora de ervas medicinais Judith Formoso, 79, garante que as receitas dão certo. Ela trabalha há mais de 50 anos com as plantas e atende centenas de pessoas diariamente, que a procuram em busca de “bom chá” para curar todo tipo de doença.
“Os manauenses gostam de tomar chá para curar doenças e isso acaba despertando a curiosidade dos turistas, que chegam a minha banca curiosos para saber para que servem tantas plantas”, contou. Enquanto concedia a entrevista, clientes chegavam a todo o momento para comprar ervas. Fosse para crescer cabelo, para inflamação na pele, rinite, e até para arrumar um companheiro. “Para arrumar marido tem a essência da bota, mas é mais para quem tem fé e pensamento forte”, brinca.
Paciente e bem humorada, Judith ensina como fazer os chás, xaropes e banhos. “Essas ervas fazem um bem danado. Claro que existem doenças que é preciso da medicina convencional, que é o mais indicado. Mas os chás complementam os tratamentos e posso afirmar que dão certo”, garante a vendedora.
Judith ensina chá até para “refrescar a memória”. “Tem a folha de santo Cristo, boa pra memória e para menino preguiçoso. Também é usada para pessoas que bebem muita cerveja, bom pra largar o vício”. Já para queda de cabelo, ela recomenda passar amor crescido batido no couro cabeludo.
O amarelo dos óleos e o marrom das cascas das árvores também chamam a atenção, mas a cor que se destaca é o verde das plantas, pelo qual ela é apaixonada desde adolescente. “Aprendi desde jovem, quando fui interna no Patronato Santa Terezinha. Qualquer matinho para mim era especial”, lembra.
Herança
Viúva, filha de nordestinos, mas nascida em Manaus, a feirante casou com um filho de português que tinha uma horta na avenida Leonardo Malcher, no Centro. “Era uma horta muito grande, tinha todos os tipos de verduras e plantas”.
Aos 21 anos, ela passou a ajudar a sogra a vender as verduras no mercado, onde trabalha até hoje. “Ela gostava de me trazer porque dizia que eu atraía cliente. Agradeço muito à minha sogra, que me deixou essa banca como herança, e é meu ‘ganha pão’ até hoje”.
Ela conta que, uma das melhores coisas que aconteceu na vida dela nos últimos anos em Manaus, foi a entrega do mercado. “Passamos oito anos sofrendo, sem o nosso mercadão. Essa cidade não é a mesma sem este símbolo histórico. E eu sou muito feliz em trabalhar aqui”.
sexta-feira, 27 de setembro de 2013
Pragas do Mamoeiro:
Pragas:
- Ácaro branco: Polyphagotarsonemuis latus (Banks 1904), Tarsonemidae; Conhecido como ácaro tropical ou ácaro da queda do chapéu. Ataca a superfície inferior de folhas novas e brotações laterais. A folha torna-se amarelada, pálida, coriacea e por fim a lamina rasga-se. Há perda do ponteiro (queda do chapéu), paralização do crescimento e até morte da planta.
Controle: desbastar brotações laterais, aplicar acaricidas visando ponteiros e brotações laterais.
Produtos indicados: enxofre molhável 80 PM (300g./100l.), dimetoato 5.E (75g./100l. água).
- Ácaro rajado: Tetranychus urticae, ácaro vermelho: Tetranychus desertorum - Acari, Tetranychidae; vivem nas folhas mais velhas, face inferior, nas nervuras mais próximas ao pecíolo onde tecem teias, efetuam posturas. Provocam amarelecimento, necrose e perfuração na folha. Há desfolha da planta afetando o desenvolvimento e estragos nos frutos por ação direta dos raios solares.
Controle: aplicar acaricidas indicados para ácaro branco visando face inferior das folhas e a eliminação de focos iniciais da praga.
Outras pragas: Cigarrinha (Empoasca sp.): ao sugarem a seiva causam amarelecimento e encurvamento das folhas mais velhas que podem cair sob ataques severos. Controla-se cigarrinha com pulverizações de triclofrom 50 S (240 ml./100 l. de água).
Lagarta de folhas: infestações severas são controladas com Bacillus thuringuensis 3,2 PM (250-500g./ha).
Lagarta rosca: controle identico ao acima.
Mosca-das-folhas: monitoramento com frascos caça-moscas e pulverização com iscas toxicas (produtos a base de malatiom, fentiom, triclorfom).
quarta-feira, 4 de setembro de 2013
Problemas comuns com as roseiras e como os resolver:
As roseiras são flores lindas para decorar um jardim, mas por vezes são atacadas por pragas e doenças que convém resolver rapidamente. Para as roseiras manterem sempre um aspeto magnífico, é necessário que sejam cuidadosamente tratadas. Conheça quais são os problemas mais comuns que afetam as roseiras e como resolvê-los.
Das pragas e doenças principais que podem afetar as roseiras, destacam-se os seguintes:
A MANCHA NEGRA
Nas roseiras, a Mancha Negra começa a manifestar-se quando as franjas das folhas mais pequenas adquirem uma coloração preta e acastanhada que vai levar à sua queda. Os seus sintomas principais revelam-se na parte inferior das plantas e, com o passar do tempo, acabam por se espalhar pelo corpo todo. Este fungo é muito comum nas épocas de clima quente e húmido e, como tal, é necessário prevenir-se de uma forma atempada e conveniente.
COMO TRATAR A MANCHA NEGRA
Se os seus canteiros estiverem afetados, é necessário livrar-se de todas as folhas que já possam estar contaminadas, para que estas não contagiem as restantes. Posteriormente, deve utilizar um spray de óleo de sódio e pulverizar as roseiras com o intuito de as proteger e salvaguardar de outros eventuais ataques.
O OÍDIO
O Oídio apresenta manchas de filamentos brancos de fungos e esporos que deformam as folhas das plantas, os novos brotos e os respetivos caules. Trata-se de um fungo muito peculiar que se fortalece com o ar húmido mas, ao contrário de outros fungos ou doenças que afetam as rosas, este precisa de folhagem seca para se estabelecer e atacar.
COMO TRATAR O OÍDIO
Para se livrar do Oídio e cuidar corretamente da saúde das suas plantas, deve regá-las com regularidade. Contudo, tenha em atenção que a rega deve ser efetuada de cima para baixo, preferencialmente na parte da manhã, de modo a retirar todos os esporos fúngicos e a reduzir ao máximo a possível infeção. Para os casos mais graves, é necessário aplicar um fungicida próprio sobre as plantas afetadas, como o triforine ou benomyl. Estes produtos podem ser adquiridos numa estufa ou numa casa de jardins especializada e são fáceis de utilizar.
A FERRUGEM
A ferrugem é um dos problemas principais que afeta a saúde e o bem-estar de uma roseira. Ela começa a ser notada quando as folhas ganham pequenas manchas amarelas nas laterais e na sua superfície. Em casos mais avançados de ferrugem, as folhas amarelas não conseguem recuperar a sua pigmentação inicial e acabam por cair. Tenha em atenção que os dias quentes, as noites frias e a humidade incentivam o aparecimento desta doença fúngica que se propaga pelos esporos.
COMO TRATAR A FERRUGEM
Quando as folhas com ferrugem caem no chão, elas devem ser imediatamente recolhidas, caso contrário a relva do jardim pode ficar queimada e a terra de cultivo pode perder os seus nutrientes principais. Para que isso não aconteça, faça uma manutenção regular do seu jardim e retire todas as folhas que apresentem qualquer sinal de ferrugem. Durante a estação de crescimento, deve aplicar um spray de enxofre, um fungicida ou um pesticida orgânico para que a planta possa crescer de uma forma saudável e consistente, sem qualquer vestígio de ferrugem.
OS AFÍDEOS
Os afídeos são pequenos agrupamentos de insetos de cor verde, vermelha, rosa ou preta que se encontram na superfície e nas laterais das novas folhas e brotos de uma planta. Existem cerca de 250 espécies distintas e a sua forma de atuação passa por absorver a seiva das plantas, servindo como vetor de transmissão do vírus.
COMO TRATAR OS AFÍDEOS
Os afídeos são uma das pragas que mais preocupam os agricultores e silvicultores, uma vez que afetam diretamente o rendimento das plantas, retirando-lhes a sua seiva. A saúde dos caules, folhas, flores, frutos e das raízes fica seriamente comprometida e daí podem resultar inúmeros prejuízos. Para infestações mais pesadas, é necessário aplicar um jato forte de água ou pulverizar a planta com água e sabão, com o intuito de desalojar a respetiva praga.
OS ÁCAROS
Os ácaros são insetos praticamente invisíveis que se situam nas extremidades das plantas e, na maioria das vezes, a sua presença só é notada pela existência de teias muito delicadas. À semelhança dos afídeos, eles absorvem a seiva das plantas e ao fazê-lo as folhas adquirem uma tonalidade amarelada.
COMO TRATAR DOS ÁCAROS
Os ácaros representam uma grande ameaça para a saúde humana, uma vez que são os principais responsáveis por quadros de alergia respiratória como a rinite alérgica e a asma. Para que isto não se suceda, é fundamental pulverizar as folhas das plantas com água logo no início da manhã. Para as grandes infestações de ácaros, é necessário pulverizar as plantas com um inseticida de água e sabão ou óleo de verão.
quarta-feira, 7 de agosto de 2013
Doenças em Arachis Pintoi: (parte 2)
Mancha-foliar-de-colletotrichum e a antracnose-da-haste-do-amendoim-forrageiro
Essas doenças são causadas pelo fungo Glomerella cingulata (Stoneman) Spauld. & H. Schrenk (anamorfo: Colletotrichum gloeosporioides (Penz.) Penz. & Sacc. in Penz.), o qual é disseminado por sementes, partes vegetativas das plantas, enxurrada e respingos de água.
A mancha-foliar-de-colletotrichum-do-amendoim-forrageiro, conhecida comumente como antracnose, é uma doença séria que afeta as folhas da planta, causando lesões grandes e podendo levar partes da planta à morte devido à desfolha. As porções de tecido afetado tornam-se necrosadas e sobre ele o fungo produz esporos protegidos inicialmente em uma estrutura conhecida por acérvulo. Lesões características em folhas são em formato de “V” invertido devido à morte do tecido da nervura principal ocorrer em maior velocidade no sentido descendente em direção ao pecíolo (Figura 2A).
Já a antracnose-da-haste-do-amendoim-forrageiro provoca a morte dos tecidos de condução de seiva e a murcha da porção posterior à lesão anelar. Em seguida, o fungo produz estruturas reprodutivas por onde saem grande quantidade de esporos para o ambiente externo. Lesões nas hastes ocorrem frequentemente nos internódios e são inicialmente deprimidas, marrom-avermelhadas com microcancros que se tornam lesões negras anelando as hastes em estágios avançados da doença (Figura 2B).
Fotos: Rivadalve Coelho Gonçalves
Fig 2.Sintomas de antracnose em folhas (A) e hastes com presença de acérvulos do patógeno (B)
Mancha-de-mycosphaerella-do-amendoim-forrageiro
Essa doença é causada pelo fungo Mycosphaerella berkeleyi W.A. Jenkins (1938), cujo anamorfo é Phaeoisariopsis personata (Berk. & M.A. Curtis) Arx (1983) sin. Cercospora personata (Berk. & M.A. Curtis) Ellis, Cercosporidium personatum (Berk. & M. A. Curtis) Deighton, Passalora personata (Berk. & M.A. Curtis) S.A. Khan & M. Kamal. Phaeoisariopsis personata produz estromas pseudoparenquimatosos, no interior dos quais podem ser encontrados conidióforos marrom-pálidos e conídios hialinos, clavados, septados, retos ou curvos, arredondados no ápice afilado. O fungo sobrevive sob a forma de conídios por mais de 10 meses em restos de cultura. As lesões são escuras, não arredondadas, angulosas, com bordos amarelos na face superior dos folíolos (Figura 3). Quando o fungo atinge a nervura principal, provoca a rápida morte do folíolo e, consequentemente, a desfolha.
Fotos: Rivadalve Coelho Gonçalves
Fig 3. Sintomas da mancha-de-mycosphaerella-do-amendoim-forrageiro em A. pintoi cv. BRS Mandobi e detalhes de conidióforo e conídio do anamorfo do fungo.
Podridão-da-haste e queima-foliar-de-athelia-do-amendoim-forrageiro
São duas doenças causadas pelo mesmo fungo denominado Athelia rolfsii (Curzi) Tu & Kimbrough (sin. Sclerotium rolfsii Sacc.), primeiramente relatadas em 2006 em A. pintoi cv. BRS Mandobi (Ap 65) no Município de Rio Branco (GONÇALVES et al., 2006). Essas doenças apresentam reboleiras que variam de 0,4 m a 3,0 m de diâmetro e seus sintomas nessa cultivar foram observados em maio de 2011, porém em apenas duas reboleiras de cerca de 0,3 m de diâmetro. Os sintomas encontrados nas plantas no campo são necrose da haste e brotos, queima de folhas, murcha e morte de hastes de plantas. Além disso, as partes afetadas apresentam aspecto cotonoso, resultado do crescimento micelial do patógeno e, com bastante frequência, são encontrados escleródios aderidos às porções afetadas.
O fungo é facilmente isolado a partir dos fragmentos de hastes infectadas em meio de cultura BDA (Batata-Dextrose-Ágar), com antibiótico cloranfenicol a 50 ppm, em incubadora BOD a 25 ºC no escuro. O patógeno apresenta micélio branco cotonoso, hifas finas aéreas e escleródios avermelhados a marrons quando maduros, irregularmente globosos, com médias de 1,103 mm (variando de 0,890 mm a 1,298 mm) de diâmetro transversal e 1,400 mm (variando de 1,196 mm a 1,680 mm) de altura.
Fotos: Rivadalve Coelho Gonçalves
Fig 4. Cultura de Athelia rolfsii (A); reboleira de plantas mortas pelas doenças podridão-da-haste e queima-da-folha (B); escleródios do fungo (C).
Queima-foliar-de-rhizoctonia-do-amendoim-forrageiro
É causada por Thanathephorus cucumeris Donk, encontrada como o anamorfo Rhizoctonia solani. Em épocas chuvosas é possível encontrar pequenas reboleiras com uma teia micélica do fungo que cobre as folhas, causando uma lesão cinza no limbo foliar e desidratando a folha logo em seguida. As folhas ficam com o aspecto de terem sido queimadas pelo sol (Figura 5).
O fungo sobrevive em restos culturais e na forma de escleródios no solo. Dependendo do nível de dano observado durante o monitoramento, devem-se adotar medidas de controle que podem combinar métodos de controle cultural, biológico e químico.
Fotos: Rivadalve Coelho Gonçalves
Fig 5. Reboleira de folhas mortas pela queima-foliar-de-rhizoctonia, apresentando teia micélica do fungo Thanathephorus cucumeris.
Monitoramento de doenças
O monitoramento de doenças é fundamental para a tomada de decisão quanto ao controle no momento certo. Em geral, um estratagema que concilie dados climáticos com dados de observação em campo permite a intervenção mínima e com eficiência, no sistema de produção, de modo a garantir a saúde das plantas, obtendo o máximo rendimento em produção de biomassa verde e de sementes.
Como se trata de uma planta forrageira que será cultivada como monocultura, para o monitoramento deve-se confeccionar croqui da área plantada, com divisões em quadrados de 1 m de lado. Devem-se percorrer as faixas de 1 m a cada 3 dias e anotar a incidência de doenças por quadrado, bem como, a severidade máxima em uma folha na parcela. A prevalência de 2% de quadrados com folhas atacadas na área de produção de sementes deve ser interpretada como limite máximo para que alguma medida de controle seja adotada imediatamente.
Em casos de presença de reboleiras das doenças queima-foliar-de-rhizoctonia ou podridão-da-haste ou queima-foliar-de-athelia-do-amendoim-forrageiro, deve-se retirar, com uma enxada, toda a parte aérea afetada. O material deverá ser queimado, fora da área do plantio, e deve-se proceder à aplicação de fungicida apropriado no local.
As demais doenças foliares também devem ser controladas preventivamente pela aplicação de fungicidas apropriados, sempre que o monitoramento acusar folhas com severidade máxima de sintomas em 2% das parcelas.
Além da observação direta em campo, a quantificação do número acumulado de horas favoráveis à infecção foliar por esses fungos ajuda na decisão de pulverização. Para tanto, faz-se necessário acompanhar diariamente a temperatura e a umidade relativa na área. Quando o índice HI (hora favorável à infecção) atingir 36, deve-se fazer a pulverização, caso a doença ocorra de modo endêmico na área. Uma unidade de HI significa uma hora com umidade relativa maior que 90% e temperatura entre 18,8 ºC e 30 ºC. A primeira pulverização é feita 30 dias após o plantio e as demais são efetuadas sempre que o HI atingir 36 após aplicação anterior.
Produtos potenciais para o controle de doenças em amendoim forrageiro
Não existem produtos químicos ou biológicos registrados para uso na cultura do amendoim forrageiro, o que determinou a sua inclusão no grupo das culturas com suporte fitossanitário insuficiente (BRASIL, 2011b). Contudo, alguns produtos eficientes para o controle de doenças em A. hypogaea poderão constituir em alternativa ao produtor de amendoim forrageiro (Tabelas 1 a 5).
Tabela 1. Fungicidas registrados para o controle de doenças causadas por Athelia rolfsii (Sclerotium rolfsii) na cultura do amendoim (Arachis hypogaea).
Doenças em ARACHIS PINTOI:(PARTE 1)
Doenças em Arachis pintoi cv. BRS Mandobi
Doença de planta é uma desordem fisiológica ou anormalidade estrutural deletéria à planta ou para alguma de suas partes ou produtos. O estudo de doenças das plantas foi iniciado pelo médico alemão Anton Von De Bary, em 1943 e, desde então, a Fitopatologia vem evoluindo e contribuindo para a redução de perdas de produtos oriundos de plantas. Dentre as forrageiras estudadas e disponibilizadas na Amazônia, A. pintoi tende a ser muito utilizada para pastejo de animais e ornamentação, pelo enriquecimento dos pastos com um banco de proteína e composição de paisagens rurais e urbanas (VALENTIM et al., 2001). Desse modo, o conhecimento das doenças que ocorrem nas plantas é fundamental para o sucesso dos produtores. Algumas doenças ocorrem em A. pintoi cv. BRS Mandobi, as quais, se não forem controladas, podem interferir negativamente na produção de sementes.
Poucas são as doenças de A. pintoi cv. BRS Mandobi observadas até o momento a partir de diagnósticos realizados no Laboratório de Fitopatologia da Embrapa Acre. Contudo, à medida que os plantios são estabelecidos em diferentes áreas, aumenta-se a chance de ocorrência de doenças ainda não observadas. Desse modo, toda anormalidade detectada na cultura deve ser registrada e pesquisada, visando aumentar o nível de conhecimento do sistema, bem como a tomada de decisão sobre a necessidade de controle.
As doenças que ocorrem em Arachis pintoi cv. BRS Mandobi devem ser identificadas, monitoradas e controladas para que não interfiram negativamente na produção de biomassa verde e sementes. Dois grupos de doenças apresentados abaixo podem ocorrer em Arachis pintoi.
Doenças abióticas
As doenças abióticas são aquelas causadas por agentes sem vida. Em geral, são de difícil estudo quanto à etiologia, pois envolve a dedicação de profissional da área de fisiologia vegetal, com equipamentos sofisticados que permitem detectar anormalidades bioquímicas e físicas decorrentes da ação do agente abiótico ou, ainda, de profissionais da área de bromatologia e de solos.
Até o momento não há relato de doenças abióticas em A. pintoi cv. BRS Mandobi. No entanto, plantas com sintomas de forte deficiência mineral foram encontradas no campo em reboleiras. Investigação sobre níveis de macro e micronutrientes nessas plantas amareladas, comparados aos níveis desses elementos em plantas verdes próximas às reboleiras, deverá esclarecer a possível deficiência mineral nessa cultivar, como a primeira doença abiótica da cultura. Investigação posterior esclarecerá o envolvimento de algum outro agente nesse tipo de manifestação.
Doenças bióticas
As doenças bióticas são aquelas causadas por nematoides, fungos, bactérias, vírus, viroides, virusoides e fitoplasmas. Em A. pintoi cv. BRS Mandobi, até o momento, foram observadas cinco doenças causadas por fungos, as quais são relatadas abaixo. Uma doença causada pelo vírus Peanut mottle virus (PeMov) (Anjos et al., 1998) e uma meloidoginose ocasionada pela raça 4 de Meloidogyne javanica (Treub 1885) Chitwood 1949 (CARNEIRO et al., 2003) estão relatadas na espécie A. pintoi. No entanto, devido à carência de estudos não se tem conhecimento da distribuição geográfica dessas doenças no Brasil.
Doenças em sementes
Não há relato de patógeno associado às sementes de A. pintoi cv. BRS Mandobi. No entanto, em análise de sementes dessa cultivar, feita no Laboratório de Fitopatologia da Embrapa Acre, foram detectados os fungos Rhizopus stolonifer, Aspergillus niger e Fusarium oxysporum. Estudos posteriores de patologia de sementes tratadas e não tratadas com fungicidas deverão embasar o tratamento químico de sementes visando ao incremento da sua qualidade sanitária para comercialização.
Ferrugem-do-amendoim-forrageiro
Essa doença é causada pelo fungo Puccinia arachidis Speg., o qual facilmente se dispersa pelo vento. Foi relatada pela primeira vez no Brasil em 1941, em A. hypogaea, no Estado de São Paulo (HENNEN et al., 1976) e em 2006 em Arachis repens Handro (RODRIGUES et al., 2006). Devido à baixa incidência e severidade em A. pintoi cv. BRS Mandobi (Figura 1) e por ser umas das principais doenças do amendoim comum (A. hypogaea), a ferrugem-do-amendoim-forrageiro deve ser colocada na classe de doença em observação por monitoramento.
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