quarta-feira, 7 de agosto de 2013
Doenças em Arachis Pintoi: (parte 2)
Mancha-foliar-de-colletotrichum e a antracnose-da-haste-do-amendoim-forrageiro
Essas doenças são causadas pelo fungo Glomerella cingulata (Stoneman) Spauld. & H. Schrenk (anamorfo: Colletotrichum gloeosporioides (Penz.) Penz. & Sacc. in Penz.), o qual é disseminado por sementes, partes vegetativas das plantas, enxurrada e respingos de água.
A mancha-foliar-de-colletotrichum-do-amendoim-forrageiro, conhecida comumente como antracnose, é uma doença séria que afeta as folhas da planta, causando lesões grandes e podendo levar partes da planta à morte devido à desfolha. As porções de tecido afetado tornam-se necrosadas e sobre ele o fungo produz esporos protegidos inicialmente em uma estrutura conhecida por acérvulo. Lesões características em folhas são em formato de “V” invertido devido à morte do tecido da nervura principal ocorrer em maior velocidade no sentido descendente em direção ao pecíolo (Figura 2A).
Já a antracnose-da-haste-do-amendoim-forrageiro provoca a morte dos tecidos de condução de seiva e a murcha da porção posterior à lesão anelar. Em seguida, o fungo produz estruturas reprodutivas por onde saem grande quantidade de esporos para o ambiente externo. Lesões nas hastes ocorrem frequentemente nos internódios e são inicialmente deprimidas, marrom-avermelhadas com microcancros que se tornam lesões negras anelando as hastes em estágios avançados da doença (Figura 2B).
Fotos: Rivadalve Coelho Gonçalves
Fig 2.Sintomas de antracnose em folhas (A) e hastes com presença de acérvulos do patógeno (B)
Mancha-de-mycosphaerella-do-amendoim-forrageiro
Essa doença é causada pelo fungo Mycosphaerella berkeleyi W.A. Jenkins (1938), cujo anamorfo é Phaeoisariopsis personata (Berk. & M.A. Curtis) Arx (1983) sin. Cercospora personata (Berk. & M.A. Curtis) Ellis, Cercosporidium personatum (Berk. & M. A. Curtis) Deighton, Passalora personata (Berk. & M.A. Curtis) S.A. Khan & M. Kamal. Phaeoisariopsis personata produz estromas pseudoparenquimatosos, no interior dos quais podem ser encontrados conidióforos marrom-pálidos e conídios hialinos, clavados, septados, retos ou curvos, arredondados no ápice afilado. O fungo sobrevive sob a forma de conídios por mais de 10 meses em restos de cultura. As lesões são escuras, não arredondadas, angulosas, com bordos amarelos na face superior dos folíolos (Figura 3). Quando o fungo atinge a nervura principal, provoca a rápida morte do folíolo e, consequentemente, a desfolha.
Fotos: Rivadalve Coelho Gonçalves
Fig 3. Sintomas da mancha-de-mycosphaerella-do-amendoim-forrageiro em A. pintoi cv. BRS Mandobi e detalhes de conidióforo e conídio do anamorfo do fungo.
Podridão-da-haste e queima-foliar-de-athelia-do-amendoim-forrageiro
São duas doenças causadas pelo mesmo fungo denominado Athelia rolfsii (Curzi) Tu & Kimbrough (sin. Sclerotium rolfsii Sacc.), primeiramente relatadas em 2006 em A. pintoi cv. BRS Mandobi (Ap 65) no Município de Rio Branco (GONÇALVES et al., 2006). Essas doenças apresentam reboleiras que variam de 0,4 m a 3,0 m de diâmetro e seus sintomas nessa cultivar foram observados em maio de 2011, porém em apenas duas reboleiras de cerca de 0,3 m de diâmetro. Os sintomas encontrados nas plantas no campo são necrose da haste e brotos, queima de folhas, murcha e morte de hastes de plantas. Além disso, as partes afetadas apresentam aspecto cotonoso, resultado do crescimento micelial do patógeno e, com bastante frequência, são encontrados escleródios aderidos às porções afetadas.
O fungo é facilmente isolado a partir dos fragmentos de hastes infectadas em meio de cultura BDA (Batata-Dextrose-Ágar), com antibiótico cloranfenicol a 50 ppm, em incubadora BOD a 25 ºC no escuro. O patógeno apresenta micélio branco cotonoso, hifas finas aéreas e escleródios avermelhados a marrons quando maduros, irregularmente globosos, com médias de 1,103 mm (variando de 0,890 mm a 1,298 mm) de diâmetro transversal e 1,400 mm (variando de 1,196 mm a 1,680 mm) de altura.
Fotos: Rivadalve Coelho Gonçalves
Fig 4. Cultura de Athelia rolfsii (A); reboleira de plantas mortas pelas doenças podridão-da-haste e queima-da-folha (B); escleródios do fungo (C).
Queima-foliar-de-rhizoctonia-do-amendoim-forrageiro
É causada por Thanathephorus cucumeris Donk, encontrada como o anamorfo Rhizoctonia solani. Em épocas chuvosas é possível encontrar pequenas reboleiras com uma teia micélica do fungo que cobre as folhas, causando uma lesão cinza no limbo foliar e desidratando a folha logo em seguida. As folhas ficam com o aspecto de terem sido queimadas pelo sol (Figura 5).
O fungo sobrevive em restos culturais e na forma de escleródios no solo. Dependendo do nível de dano observado durante o monitoramento, devem-se adotar medidas de controle que podem combinar métodos de controle cultural, biológico e químico.
Fotos: Rivadalve Coelho Gonçalves
Fig 5. Reboleira de folhas mortas pela queima-foliar-de-rhizoctonia, apresentando teia micélica do fungo Thanathephorus cucumeris.
Monitoramento de doenças
O monitoramento de doenças é fundamental para a tomada de decisão quanto ao controle no momento certo. Em geral, um estratagema que concilie dados climáticos com dados de observação em campo permite a intervenção mínima e com eficiência, no sistema de produção, de modo a garantir a saúde das plantas, obtendo o máximo rendimento em produção de biomassa verde e de sementes.
Como se trata de uma planta forrageira que será cultivada como monocultura, para o monitoramento deve-se confeccionar croqui da área plantada, com divisões em quadrados de 1 m de lado. Devem-se percorrer as faixas de 1 m a cada 3 dias e anotar a incidência de doenças por quadrado, bem como, a severidade máxima em uma folha na parcela. A prevalência de 2% de quadrados com folhas atacadas na área de produção de sementes deve ser interpretada como limite máximo para que alguma medida de controle seja adotada imediatamente.
Em casos de presença de reboleiras das doenças queima-foliar-de-rhizoctonia ou podridão-da-haste ou queima-foliar-de-athelia-do-amendoim-forrageiro, deve-se retirar, com uma enxada, toda a parte aérea afetada. O material deverá ser queimado, fora da área do plantio, e deve-se proceder à aplicação de fungicida apropriado no local.
As demais doenças foliares também devem ser controladas preventivamente pela aplicação de fungicidas apropriados, sempre que o monitoramento acusar folhas com severidade máxima de sintomas em 2% das parcelas.
Além da observação direta em campo, a quantificação do número acumulado de horas favoráveis à infecção foliar por esses fungos ajuda na decisão de pulverização. Para tanto, faz-se necessário acompanhar diariamente a temperatura e a umidade relativa na área. Quando o índice HI (hora favorável à infecção) atingir 36, deve-se fazer a pulverização, caso a doença ocorra de modo endêmico na área. Uma unidade de HI significa uma hora com umidade relativa maior que 90% e temperatura entre 18,8 ºC e 30 ºC. A primeira pulverização é feita 30 dias após o plantio e as demais são efetuadas sempre que o HI atingir 36 após aplicação anterior.
Produtos potenciais para o controle de doenças em amendoim forrageiro
Não existem produtos químicos ou biológicos registrados para uso na cultura do amendoim forrageiro, o que determinou a sua inclusão no grupo das culturas com suporte fitossanitário insuficiente (BRASIL, 2011b). Contudo, alguns produtos eficientes para o controle de doenças em A. hypogaea poderão constituir em alternativa ao produtor de amendoim forrageiro (Tabelas 1 a 5).
Tabela 1. Fungicidas registrados para o controle de doenças causadas por Athelia rolfsii (Sclerotium rolfsii) na cultura do amendoim (Arachis hypogaea).
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