Lomadee


sexta-feira, 27 de setembro de 2013

Pragas do Mamoeiro:

Pragas: - Ácaro branco: Polyphagotarsonemuis latus (Banks 1904), Tarsonemidae; Conhecido como ácaro tropical ou ácaro da queda do chapéu. Ataca a superfície inferior de folhas novas e brotações laterais. A folha torna-se amarelada, pálida, coriacea e por fim a lamina rasga-se. Há perda do ponteiro (queda do chapéu), paralização do crescimento e até morte da planta. Controle: desbastar brotações laterais, aplicar acaricidas visando ponteiros e brotações laterais. Produtos indicados: enxofre molhável 80 PM (300g./100l.), dimetoato 5.E (75g./100l. água). - Ácaro rajado: Tetranychus urticae, ácaro vermelho: Tetranychus desertorum - Acari, Tetranychidae; vivem nas folhas mais velhas, face inferior, nas nervuras mais próximas ao pecíolo onde tecem teias, efetuam posturas. Provocam amarelecimento, necrose e perfuração na folha. Há desfolha da planta afetando o desenvolvimento e estragos nos frutos por ação direta dos raios solares. Controle: aplicar acaricidas indicados para ácaro branco visando face inferior das folhas e a eliminação de focos iniciais da praga. Outras pragas: Cigarrinha (Empoasca sp.): ao sugarem a seiva causam amarelecimento e encurvamento das folhas mais velhas que podem cair sob ataques severos. Controla-se cigarrinha com pulverizações de triclofrom 50 S (240 ml./100 l. de água). Lagarta de folhas: infestações severas são controladas com Bacillus thuringuensis 3,2 PM (250-500g./ha). Lagarta rosca: controle identico ao acima. Mosca-das-folhas: monitoramento com frascos caça-moscas e pulverização com iscas toxicas (produtos a base de malatiom, fentiom, triclorfom).

quarta-feira, 4 de setembro de 2013

Problemas comuns com as roseiras e como os resolver:

As roseiras são flores lindas para decorar um jardim, mas por vezes são atacadas por pragas e doenças que convém resolver rapidamente. Para as roseiras manterem sempre um aspeto magnífico, é necessário que sejam cuidadosamente tratadas. Conheça quais são os problemas mais comuns que afetam as roseiras e como resolvê-los. Das pragas e doenças principais que podem afetar as roseiras, destacam-se os seguintes: A MANCHA NEGRA Nas roseiras, a Mancha Negra começa a manifestar-se quando as franjas das folhas mais pequenas adquirem uma coloração preta e acastanhada que vai levar à sua queda. Os seus sintomas principais revelam-se na parte inferior das plantas e, com o passar do tempo, acabam por se espalhar pelo corpo todo. Este fungo é muito comum nas épocas de clima quente e húmido e, como tal, é necessário prevenir-se de uma forma atempada e conveniente. COMO TRATAR A MANCHA NEGRA Se os seus canteiros estiverem afetados, é necessário livrar-se de todas as folhas que já possam estar contaminadas, para que estas não contagiem as restantes. Posteriormente, deve utilizar um spray de óleo de sódio e pulverizar as roseiras com o intuito de as proteger e salvaguardar de outros eventuais ataques. O OÍDIO O Oídio apresenta manchas de filamentos brancos de fungos e esporos que deformam as folhas das plantas, os novos brotos e os respetivos caules. Trata-se de um fungo muito peculiar que se fortalece com o ar húmido mas, ao contrário de outros fungos ou doenças que afetam as rosas, este precisa de folhagem seca para se estabelecer e atacar. COMO TRATAR O OÍDIO Para se livrar do Oídio e cuidar corretamente da saúde das suas plantas, deve regá-las com regularidade. Contudo, tenha em atenção que a rega deve ser efetuada de cima para baixo, preferencialmente na parte da manhã, de modo a retirar todos os esporos fúngicos e a reduzir ao máximo a possível infeção. Para os casos mais graves, é necessário aplicar um fungicida próprio sobre as plantas afetadas, como o triforine ou benomyl. Estes produtos podem ser adquiridos numa estufa ou numa casa de jardins especializada e são fáceis de utilizar. A FERRUGEM A ferrugem é um dos problemas principais que afeta a saúde e o bem-estar de uma roseira. Ela começa a ser notada quando as folhas ganham pequenas manchas amarelas nas laterais e na sua superfície. Em casos mais avançados de ferrugem, as folhas amarelas não conseguem recuperar a sua pigmentação inicial e acabam por cair. Tenha em atenção que os dias quentes, as noites frias e a humidade incentivam o aparecimento desta doença fúngica que se propaga pelos esporos. COMO TRATAR A FERRUGEM Quando as folhas com ferrugem caem no chão, elas devem ser imediatamente recolhidas, caso contrário a relva do jardim pode ficar queimada e a terra de cultivo pode perder os seus nutrientes principais. Para que isso não aconteça, faça uma manutenção regular do seu jardim e retire todas as folhas que apresentem qualquer sinal de ferrugem. Durante a estação de crescimento, deve aplicar um spray de enxofre, um fungicida ou um pesticida orgânico para que a planta possa crescer de uma forma saudável e consistente, sem qualquer vestígio de ferrugem. OS AFÍDEOS Os afídeos são pequenos agrupamentos de insetos de cor verde, vermelha, rosa ou preta que se encontram na superfície e nas laterais das novas folhas e brotos de uma planta. Existem cerca de 250 espécies distintas e a sua forma de atuação passa por absorver a seiva das plantas, servindo como vetor de transmissão do vírus. COMO TRATAR OS AFÍDEOS Os afídeos são uma das pragas que mais preocupam os agricultores e silvicultores, uma vez que afetam diretamente o rendimento das plantas, retirando-lhes a sua seiva. A saúde dos caules, folhas, flores, frutos e das raízes fica seriamente comprometida e daí podem resultar inúmeros prejuízos. Para infestações mais pesadas, é necessário aplicar um jato forte de água ou pulverizar a planta com água e sabão, com o intuito de desalojar a respetiva praga. OS ÁCAROS Os ácaros são insetos praticamente invisíveis que se situam nas extremidades das plantas e, na maioria das vezes, a sua presença só é notada pela existência de teias muito delicadas. À semelhança dos afídeos, eles absorvem a seiva das plantas e ao fazê-lo as folhas adquirem uma tonalidade amarelada. COMO TRATAR DOS ÁCAROS Os ácaros representam uma grande ameaça para a saúde humana, uma vez que são os principais responsáveis por quadros de alergia respiratória como a rinite alérgica e a asma. Para que isto não se suceda, é fundamental pulverizar as folhas das plantas com água logo no início da manhã. Para as grandes infestações de ácaros, é necessário pulverizar as plantas com um inseticida de água e sabão ou óleo de verão.

quarta-feira, 7 de agosto de 2013

Doenças em Arachis Pintoi: (parte 2)

Mancha-foliar-de-colletotrichum e a antracnose-da-haste-do-amendoim-forrageiro Essas doenças são causadas pelo fungo Glomerella cingulata (Stoneman) Spauld. & H. Schrenk (anamorfo: Colletotrichum gloeosporioides (Penz.) Penz. & Sacc. in Penz.), o qual é disseminado por sementes, partes vegetativas das plantas, enxurrada e respingos de água. A mancha-foliar-de-colletotrichum-do-amendoim-forrageiro, conhecida comumente como antracnose, é uma doença séria que afeta as folhas da planta, causando lesões grandes e podendo levar partes da planta à morte devido à desfolha. As porções de tecido afetado tornam-se necrosadas e sobre ele o fungo produz esporos protegidos inicialmente em uma estrutura conhecida por acérvulo. Lesões características em folhas são em formato de “V” invertido devido à morte do tecido da nervura principal ocorrer em maior velocidade no sentido descendente em direção ao pecíolo (Figura 2A). Já a antracnose-da-haste-do-amendoim-forrageiro provoca a morte dos tecidos de condução de seiva e a murcha da porção posterior à lesão anelar. Em seguida, o fungo produz estruturas reprodutivas por onde saem grande quantidade de esporos para o ambiente externo. Lesões nas hastes ocorrem frequentemente nos internódios e são inicialmente deprimidas, marrom-avermelhadas com microcancros que se tornam lesões negras anelando as hastes em estágios avançados da doença (Figura 2B). Fotos: Rivadalve Coelho Gonçalves Fig 2.Sintomas de antracnose em folhas (A) e hastes com presença de acérvulos do patógeno (B) Mancha-de-mycosphaerella-do-amendoim-forrageiro Essa doença é causada pelo fungo Mycosphaerella berkeleyi W.A. Jenkins (1938), cujo anamorfo é Phaeoisariopsis personata (Berk. & M.A. Curtis) Arx (1983) sin. Cercospora personata (Berk. & M.A. Curtis) Ellis, Cercosporidium personatum (Berk. & M. A. Curtis) Deighton, Passalora personata (Berk. & M.A. Curtis) S.A. Khan & M. Kamal. Phaeoisariopsis personata produz estromas pseudoparenquimatosos, no interior dos quais podem ser encontrados conidióforos marrom-pálidos e conídios hialinos, clavados, septados, retos ou curvos, arredondados no ápice afilado. O fungo sobrevive sob a forma de conídios por mais de 10 meses em restos de cultura. As lesões são escuras, não arredondadas, angulosas, com bordos amarelos na face superior dos folíolos (Figura 3). Quando o fungo atinge a nervura principal, provoca a rápida morte do folíolo e, consequentemente, a desfolha. Fotos: Rivadalve Coelho Gonçalves Fig 3. Sintomas da mancha-de-mycosphaerella-do-amendoim-forrageiro em A. pintoi cv. BRS Mandobi e detalhes de conidióforo e conídio do anamorfo do fungo. Podridão-da-haste e queima-foliar-de-athelia-do-amendoim-forrageiro São duas doenças causadas pelo mesmo fungo denominado Athelia rolfsii (Curzi) Tu & Kimbrough (sin. Sclerotium rolfsii Sacc.), primeiramente relatadas em 2006 em A. pintoi cv. BRS Mandobi (Ap 65) no Município de Rio Branco (GONÇALVES et al., 2006). Essas doenças apresentam reboleiras que variam de 0,4 m a 3,0 m de diâmetro e seus sintomas nessa cultivar foram observados em maio de 2011, porém em apenas duas reboleiras de cerca de 0,3 m de diâmetro. Os sintomas encontrados nas plantas no campo são necrose da haste e brotos, queima de folhas, murcha e morte de hastes de plantas. Além disso, as partes afetadas apresentam aspecto cotonoso, resultado do crescimento micelial do patógeno e, com bastante frequência, são encontrados escleródios aderidos às porções afetadas. O fungo é facilmente isolado a partir dos fragmentos de hastes infectadas em meio de cultura BDA (Batata-Dextrose-Ágar), com antibiótico cloranfenicol a 50 ppm, em incubadora BOD a 25 ºC no escuro. O patógeno apresenta micélio branco cotonoso, hifas finas aéreas e escleródios avermelhados a marrons quando maduros, irregularmente globosos, com médias de 1,103 mm (variando de 0,890 mm a 1,298 mm) de diâmetro transversal e 1,400 mm (variando de 1,196 mm a 1,680 mm) de altura. Fotos: Rivadalve Coelho Gonçalves Fig 4. Cultura de Athelia rolfsii (A); reboleira de plantas mortas pelas doenças podridão-da-haste e queima-da-folha (B); escleródios do fungo (C). Queima-foliar-de-rhizoctonia-do-amendoim-forrageiro É causada por Thanathephorus cucumeris Donk, encontrada como o anamorfo Rhizoctonia solani. Em épocas chuvosas é possível encontrar pequenas reboleiras com uma teia micélica do fungo que cobre as folhas, causando uma lesão cinza no limbo foliar e desidratando a folha logo em seguida. As folhas ficam com o aspecto de terem sido queimadas pelo sol (Figura 5). O fungo sobrevive em restos culturais e na forma de escleródios no solo. Dependendo do nível de dano observado durante o monitoramento, devem-se adotar medidas de controle que podem combinar métodos de controle cultural, biológico e químico. Fotos: Rivadalve Coelho Gonçalves Fig 5. Reboleira de folhas mortas pela queima-foliar-de-rhizoctonia, apresentando teia micélica do fungo Thanathephorus cucumeris. Monitoramento de doenças O monitoramento de doenças é fundamental para a tomada de decisão quanto ao controle no momento certo. Em geral, um estratagema que concilie dados climáticos com dados de observação em campo permite a intervenção mínima e com eficiência, no sistema de produção, de modo a garantir a saúde das plantas, obtendo o máximo rendimento em produção de biomassa verde e de sementes. Como se trata de uma planta forrageira que será cultivada como monocultura, para o monitoramento deve-se confeccionar croqui da área plantada, com divisões em quadrados de 1 m de lado. Devem-se percorrer as faixas de 1 m a cada 3 dias e anotar a incidência de doenças por quadrado, bem como, a severidade máxima em uma folha na parcela. A prevalência de 2% de quadrados com folhas atacadas na área de produção de sementes deve ser interpretada como limite máximo para que alguma medida de controle seja adotada imediatamente. Em casos de presença de reboleiras das doenças queima-foliar-de-rhizoctonia ou podridão-da-haste ou queima-foliar-de-athelia-do-amendoim-forrageiro, deve-se retirar, com uma enxada, toda a parte aérea afetada. O material deverá ser queimado, fora da área do plantio, e deve-se proceder à aplicação de fungicida apropriado no local. As demais doenças foliares também devem ser controladas preventivamente pela aplicação de fungicidas apropriados, sempre que o monitoramento acusar folhas com severidade máxima de sintomas em 2% das parcelas. Além da observação direta em campo, a quantificação do número acumulado de horas favoráveis à infecção foliar por esses fungos ajuda na decisão de pulverização. Para tanto, faz-se necessário acompanhar diariamente a temperatura e a umidade relativa na área. Quando o índice HI (hora favorável à infecção) atingir 36, deve-se fazer a pulverização, caso a doença ocorra de modo endêmico na área. Uma unidade de HI significa uma hora com umidade relativa maior que 90% e temperatura entre 18,8 ºC e 30 ºC. A primeira pulverização é feita 30 dias após o plantio e as demais são efetuadas sempre que o HI atingir 36 após aplicação anterior. Produtos potenciais para o controle de doenças em amendoim forrageiro Não existem produtos químicos ou biológicos registrados para uso na cultura do amendoim forrageiro, o que determinou a sua inclusão no grupo das culturas com suporte fitossanitário insuficiente (BRASIL, 2011b). Contudo, alguns produtos eficientes para o controle de doenças em A. hypogaea poderão constituir em alternativa ao produtor de amendoim forrageiro (Tabelas 1 a 5). Tabela 1. Fungicidas registrados para o controle de doenças causadas por Athelia rolfsii (Sclerotium rolfsii) na cultura do amendoim (Arachis hypogaea).

Doenças em ARACHIS PINTOI:(PARTE 1)

Doenças em Arachis pintoi cv. BRS Mandobi Doença de planta é uma desordem fisiológica ou anormalidade estrutural deletéria à planta ou para alguma de suas partes ou produtos. O estudo de doenças das plantas foi iniciado pelo médico alemão Anton Von De Bary, em 1943 e, desde então, a Fitopatologia vem evoluindo e contribuindo para a redução de perdas de produtos oriundos de plantas. Dentre as forrageiras estudadas e disponibilizadas na Amazônia, A. pintoi tende a ser muito utilizada para pastejo de animais e ornamentação, pelo enriquecimento dos pastos com um banco de proteína e composição de paisagens rurais e urbanas (VALENTIM et al., 2001). Desse modo, o conhecimento das doenças que ocorrem nas plantas é fundamental para o sucesso dos produtores. Algumas doenças ocorrem em A. pintoi cv. BRS Mandobi, as quais, se não forem controladas, podem interferir negativamente na produção de sementes. Poucas são as doenças de A. pintoi cv. BRS Mandobi observadas até o momento a partir de diagnósticos realizados no Laboratório de Fitopatologia da Embrapa Acre. Contudo, à medida que os plantios são estabelecidos em diferentes áreas, aumenta-se a chance de ocorrência de doenças ainda não observadas. Desse modo, toda anormalidade detectada na cultura deve ser registrada e pesquisada, visando aumentar o nível de conhecimento do sistema, bem como a tomada de decisão sobre a necessidade de controle. As doenças que ocorrem em Arachis pintoi cv. BRS Mandobi devem ser identificadas, monitoradas e controladas para que não interfiram negativamente na produção de biomassa verde e sementes. Dois grupos de doenças apresentados abaixo podem ocorrer em Arachis pintoi. Doenças abióticas As doenças abióticas são aquelas causadas por agentes sem vida. Em geral, são de difícil estudo quanto à etiologia, pois envolve a dedicação de profissional da área de fisiologia vegetal, com equipamentos sofisticados que permitem detectar anormalidades bioquímicas e físicas decorrentes da ação do agente abiótico ou, ainda, de profissionais da área de bromatologia e de solos. Até o momento não há relato de doenças abióticas em A. pintoi cv. BRS Mandobi. No entanto, plantas com sintomas de forte deficiência mineral foram encontradas no campo em reboleiras. Investigação sobre níveis de macro e micronutrientes nessas plantas amareladas, comparados aos níveis desses elementos em plantas verdes próximas às reboleiras, deverá esclarecer a possível deficiência mineral nessa cultivar, como a primeira doença abiótica da cultura. Investigação posterior esclarecerá o envolvimento de algum outro agente nesse tipo de manifestação. Doenças bióticas As doenças bióticas são aquelas causadas por nematoides, fungos, bactérias, vírus, viroides, virusoides e fitoplasmas. Em A. pintoi cv. BRS Mandobi, até o momento, foram observadas cinco doenças causadas por fungos, as quais são relatadas abaixo. Uma doença causada pelo vírus Peanut mottle virus (PeMov) (Anjos et al., 1998) e uma meloidoginose ocasionada pela raça 4 de Meloidogyne javanica (Treub 1885) Chitwood 1949 (CARNEIRO et al., 2003) estão relatadas na espécie A. pintoi. No entanto, devido à carência de estudos não se tem conhecimento da distribuição geográfica dessas doenças no Brasil. Doenças em sementes Não há relato de patógeno associado às sementes de A. pintoi cv. BRS Mandobi. No entanto, em análise de sementes dessa cultivar, feita no Laboratório de Fitopatologia da Embrapa Acre, foram detectados os fungos Rhizopus stolonifer, Aspergillus niger e Fusarium oxysporum. Estudos posteriores de patologia de sementes tratadas e não tratadas com fungicidas deverão embasar o tratamento químico de sementes visando ao incremento da sua qualidade sanitária para comercialização. Ferrugem-do-amendoim-forrageiro Essa doença é causada pelo fungo Puccinia arachidis Speg., o qual facilmente se dispersa pelo vento. Foi relatada pela primeira vez no Brasil em 1941, em A. hypogaea, no Estado de São Paulo (HENNEN et al., 1976) e em 2006 em Arachis repens Handro (RODRIGUES et al., 2006). Devido à baixa incidência e severidade em A. pintoi cv. BRS Mandobi (Figura 1) e por ser umas das principais doenças do amendoim comum (A. hypogaea), a ferrugem-do-amendoim-forrageiro deve ser colocada na classe de doença em observação por monitoramento.

Principais doenças das plantas:

AS CAUSAS Fungos Estima-se que 70% das principais doenças das plantas são causadas por fungos – organismos minúsculos (apenas visíveis debaixo de um microscópio!) que produzem enormes quantidades de esporos (células que se separam e se dividem, sem fecundação, para formarem novas células), que são rapidamente propagados graças ao vento, à água, aos insectos ou aos animais. Existem mais de 10 mil tipos de fungos que, se não conseguem penetrar a cutícula e a epiderme (as barreiras mais fortes de uma planta), atacam as zonas mais sensíveis – os rebentos ou as áreas já danificadas por insectos. Uma planta infectada pode libertar até 100 milhões de esporos, uma quantidade difícil de combater, na medida em que rapidamente degrade as células das plantas, produzindo, em simultâneo, toxinas que interferem no funcionamento pleno do seu organismo. Os fungos são ainda difíceis de eliminar porque podem manter-se dormentes no solo, em restos de plantas que se encontram em decomposição ou numa planta saudável, à espera das condições climatéricas perfeitas para voltarem a contaminar. Vírus Ainda mais pequenos do que as bactérias, os vírus apenas conseguem reproduzir-se a partir das células da própria planta. Infiltram-se nas plantas a partir das folhas ou do pé, normalmente por zonas já feridas por insectos, mas precisam de um meio de transporte, que pode ser um insecto, o pólen ou algumas sementes infectadas. Uma vez infiltrado, o(s) vírus, sendo que as plantas podem ser atacadas por mais do que um vírus em simultâneo, movimenta-se através dos vasos vasculares, provocando doenças que contaminam o organismo da planta. Bactérias As doenças provocadas em plantas por bactérias são as menos frequentes, por uma simples razão – para crescerem e se multiplicarem as bactérias necessitam de água e de calor. Assim sendo, estão mais dependentes de climas quentes e húmidos para contaminarem as plantas. Transportadas pela água, insectos ou animais, as bactérias infiltram-se através de uma flor ou um corte numa folha ou no pé, podendo causar desde danos puramente superficiais, à murchidão ou mesmo a sua morte. Deficiências Nutritivas Por vezes, a doença de uma planta não se deve às bactérias, aos fungos e aos vírus, mas sim a uma alimentação pobre. Se apresentar folhas pálidas ou vasos vasculares amarelados, pode ser um sinal que está a sofrer de deficiências nutritivas. Neste caso, o remédio chama-se “um bom fertilizante”, adequado à planta em questão. OS SINTOMAS Uma planta doente apresenta várias alterações ao nível do seu metabolismo, da cor, dos diferentes órgãos e anatomia, para além de poder passar a produzir substâncias anormais. Alguns sinais de alerta são: míldio (um pó branco); bolores cinzentos ou pretos; bolhas cor de ferrugem; uma massa ou crescimento pretos; pintas pretas; leveduras e o aparecimento de cogumelos, entre outros. AS CURAS Com as plantas a requererem “atenção médica”, é claro que o instinto diz-lhe para ir a correr buscar o seu fiel amigo o “pesticida”. No entanto, e porque se trata de um produto com químicos extremamente potentes, que infelizmente ao fazer bem a uma coisa estão a poluir o ambiente, o melhor é estudar todas as outras opções possíveis. Aqui vai uma ajuda: Existem “sintomas” que, parecendo muito graves e estranhas, podem ser puramente passageiros, desaparecendo dentro de poucos dias ou quando o tempo melhorar. Esteja atento! Por vezes, basta remover as flores, os rebentos, as folhas e/ou os pés infectados para eliminar o problema. Não aproveite esses restos para compostagem, desfaça-se deles imediatamente! Em último recurso, recorra ao pesticida adequado, optando por uma solução pouco tóxica. Siga as instruções à risca e lembre-se que não vai resolver a situação ao borrifar o conteúdo de um recipiente inteiro sobre uma pobre doente planta – pode sim, acabar por intensificar o seu problema com a morte da planta, de plantas vizinhas e até do solo! A prevenção é fundamental para um jardim que respira saúde. Quer saber o que fazer? Comece com um solo saudável, isto porque terra com saúde produz plantas com saúde e plantas saudáveis conseguem resistir mais facilmente às doenças. Um solo de qualidade deve ser limoso e enriquecido com fertilizante e técnicas de compostagem. Mantenha o seu jardim livre de ervas daninhas e de detritos de plantas, que são elementos propícios para o desenvolvimento de todo o tipo de doenças. As doenças são muitas vezes transmitidas de planta em planta devido aos utensílios de jardim mal lavados. Assegure que todas as suas ferramentas estejam devidamente desinfectadas (especialmente quando utilizadas para cortar ou eliminar folhas e outras partes doentes), bastando para isso uma mistura de água e lixívia. Durante o processo de rega, tenha cuidado para não salpicar a folhagem das plantas. Ao respingar do solo para as folhas, está a colocá-las em risco de contrair uma doença. Se possível, deve regar de manhã cedo, assim as plantas têm tempo de secar antes do pico do sol que poderá queimar gravemente plantas muito molhadas. Por outro lado, quanto mais tempo as folhas estiverem molhadas, mais probabilidades têm de ser atacadas por bactérias, fungos e vírus. É igualmente importante permitir uma boa circulação de ar entre todas as plantas. Para além de secarem mais rapidamente, as brisas podem facilmente levar as doenças para longe antes de estas terem tempo de se “agarrarem” a uma planta. Se verificar que, ano após ano, os mesmos sintomas e doenças continuam a devastar o seu jardim, seria melhor começar a pensar em introduzir novas variedades de plantas e flores. Quando comprar novas plantas, inspeccione-as muito bem antes de as levar para casa ou opte pelas variedades que se auto-proclamam e que são, de facto, plantas resistentes às doenças. Por último, quando em dúvida consulte um especialista ou adquira um guia sobre as diferentes doenças bacterianas, virais e fungais, bem como os seus respectivos tratamentos, para o auxiliar em situações menos saudáveis! No fundo, mais vale prevenir do que remediar… para um jardim resplandecente!

segunda-feira, 22 de julho de 2013

Doenças da Bananeira:

Mosaico da Bananeira: Sintomas da doença: variam de suaves estrias formando mosaico em folhas velhas até severa necrose interna, nanismo e morte das plantas. Nas plantas com nanismo há formação de roseta no ponto de saída das folhas, as bainhas tendem a despregar-se do pseudocaule, podendo ainda ocorrer necrose da folha central ou cartucho. Em muitos casos as folhas são atrofiadas, lanceoladas e cloróticas, exibindo mosaico. (Kimati et. al., 2005). ​ Sinais do patógeno: partículas isométricas de 30 nm de diâmetro (não possível a observação a olho nu). Estrias da Bananeira: Sintomas da doença: a doença caracteriza-se pela formação de lesões escuras e deprimidas sobre as quais, em condições de alta umidade, aparecem frutificações rosadas do fungo. Com o progresso da doença, as lesões aumentam de tamanho, podendo coalescer e se manifestar nessa fase. Geralmente a polpa não é afetada, exceto em condições de alta temperatura, ou quando o ponto ótimo de maturação é ultrapassado. Sinais do patógeno: partículas baciliformes de 30 x 150 nm e DNA de fita dupla (não possível a observação a olho nu). ​ Agente causal: Banana streak virus (BSV).

quarta-feira, 3 de julho de 2013

Doença do meloeiro (Cucumis melo) causadas por vírus:

Amarelão do meloeiro – Melon yellowing associated virus (MYaV): Esta é uma nova virose emergente causada por uma nova espécie de flexivírus tentativamente denominada de Melon yellowing associated virus (MyaV. Evidências experimentais indicam ser transmitida pela mosca branca, Bemisia tabaci biotipo B. O vírus apresenta partículas alongadas flexuosas com aproximadamente 780nm de comprimento por 1 nm de diâmetro. Este vírus encontra-se largamente disseminado nos principais estados produtores de melão como Ceará, Rio Grande do Norte, Bahia e Pernambuco. À primeira vista, os sintomas do amarelão podem ser confundidos com os causados por crinivírus ou mesmo de tratar-se de problemas de nutrição da planta. Uma característica desse vírus é que os sintomas se manifestam tardiamente, em geral, 5 dias após o plantio. As folhas mais velhas mostram uma forte clorose com coloração amarela intensa e as intermediárias frequentemente mosaico com pontuações cloróticas (Figura ). Os ponteiros das ramas podem permanecer assintomáticos. Campos com altas infestações do vírus tomam a coloração de amarelo intenso de fácil visualização. O número e tamanho de frutos permanecem como de uma planta sadia, porém, o teor de açúcar (brix) no fruto pode cair drasticamente, não se prestando para comercialização. Ainda não existem muitas informações acerca da gama de hospedeiros desse vírus, mas observa-se que, além do melão, a abóbora rasteira (Cucurbita moschata) naturalmente infectada pelo vírus. Aparentemente esse vírus não infecta em condições naturais a cultura da melancia. O controle dessa virose é bastante difícil em campo aberto sem proteção com malha devido à alta população de mosca-branca e inóculo presentes nos campos de produção. De maneira geral, deve-se retardar ao máximo a infecção. Isto pode ser feito evitando-se o plantio de novos campos ao lado de campos com altas incidências do vírus ou, então, a utilização de tecido-não-tecido sobre as plantas nos estágios iniciais de seu desenvolvimento. Tanto quanto possível, não devem ser permitidas altas populações de mosca-branca no campo, mas tendo em conta que se inóculo do vírus está presente no campo, uma baixa população de mosca-branca pode rapidamente infestar todas as lavouras de melão da região. A medida mais importante a ser considerada é o isolamento da cultura em relação a campos com altas infestações. A utilização de tecido não tecido na proteção da planta no campo tem mostrado ser uma eficiente maneira de evitar a infecção precoce. Até o presente ainda não existem disponíveis no mercado híbridos de melão com resistência ao MYaV. Evidências experimentais demonstram que esse vírus não é transmitido pela semente.

domingo, 19 de maio de 2013

Doenças da Cenoura:

Estão registradas no Brasil mais de quinze doenças de cenoura, causadas por fungos, vírus, bactérias e nematóides. Destas, um número relativamente pequeno é responsável pela maior parte dos danos ocorridos na cultura. O controle destas enfermidades tem sido feito através do uso de cultivares resistentes e/ou fungicidas, bem como pelo emprego correto das práticas culturais. Podridão de pré e pós-emergência: Dentre os vários patógenos envolvidos na ocorrência de podridões em cenoura tem-se: Alternaria dauci, Alternaria radicina, Pythium sp., Rhizoctonia solani e Xanthomonas campestris pv. carotae. A podridão de pré-emergência resulta em falhas no estande. Na podridão de pós-emergência, também chamada de tombamento, as plântulas apresentam um encharcamento na região do hipocótilo rente ao solo, provocando reboleiras de plantas tombadas ou mortas. O controle só é eficiente quando se utilizam sementes de boa qualidade, rotação de cultura, adequada profundidade de plantio e manejo adequado de água. Queima-das-folhas: É a doença mais comum da cenoura. É causada por Alternaria dauci, Cercospora carotae e Xanthomonas campestris, pv. carotae. Caracteriza-se principalmente por uma necrose das folhas (Figura 1) que, dependendo do nível de ataque pode causar a completa desfolha da planta e, consequentemente, resultar em raízes de tamanho pequeno. Os três patógenos que causam a queima-das-folhas podem ser encontrados na mesma planta, e até em uma única lesão. É difícil determinar o(s) agente(s) causal(is) envolvido(s) pelos sintomas nas folhas, principalmente porque os cultivares reagem de maneira diferenciada ao ataque. A Alternaria dauci produz lesões nas folhas mais velhas e é caracterizada por necrose da borda dos folíolos, enquanto Cercospora carotae produz lesões individualizadas. Os sintomas produzidos por X. campestris pv. carotae são indistinguíveis dos outros, embora, sob condições de alta umidade, seja comum uma exudação sobre as lesões bacterianas. As cultivares do grupo "Nantes" são as mais suscetíveis à queima-das-folhas, e por isso necessitam da aplicação preventiva de fungicidas para o controle. As cultivares Brasília, Kuroda e Kuronan e outras adaptadas ao plantio de verão têm um bom nível de resistência a esta doença, praticamente dispensando o controle químico. As cultivares do grupo Kuroda (Kuroda Nacional, Shin Kuroda, Nova Kuroda, Kuroda) apresentam diferenças entre si quanto à resistência . Portanto, a escolha de uma cultivar deste grupo deve levar em conta a sua procedência. A cultivar Brasília, em certas condições, pode apresentar alguma suscetibilidade à C. carotae, requerendo algumas pulverizações. O controle químico, quando os três patógenos estão presentes, deve ser feito com produtos à base de cobre (mais eficientes contra Xanthomonas campestris pv. carotae), intercalados com outros fungicidas ditiocarbamatos que estjam registrados para a cultura da cenoura (Tabela 1). Podridão das raízes: Em geral é causada pelos fungos Sclerotium rolfsii, Sclerotinia sclerotiorum (Figura 2) ou pela bactéria Erwinia carotovora (Figura 3). As plantas atacadas apresentam crescimento reduzido com as folhas superiores amareladas, as quais tornam-se murchas no horário mais quente do dia. Os dois primeiros patógenos produzem podridão mole acompanhada da formação de escleródios e profuso crescimento micelial branco. Os escleródios de Sclerotinia sclerotiorum são de cor preta, irregulares, com até 1 cm de comprimento, e os de Sclerotium rolfsii são menores, redondos, assemelhando-se a sementes de mostarda. A bactéria Erwinia carotovora produz uma podridão mole em pequenas áreas das raízes, que se expandem sob condições de altas temperatura e umidade. As podridões ocorrem no campo quando a umidade do solo é excessiva. Portanto, é essencial que se cultive a cenoura em solos que não acumulem muita água, que o plantio em época chuvosa seja feito em canteiros mais altos, e que a irrigação seja adequada, evitando-se o excesso de água. O controle químico normalmente não é econômico para nenhum dos três patógenos. Após a colheita, ocorrem podridões secas e podridões moles, sendo essas últimas as mais importantes. O principal agente das podridões é a bactéria Erwinia carotovora, que causa grandes perdas quando as raízes são colhidas em solos molhados e/ou após a lavadas, as raízes não são adequadamente secas antes de serem embaladas (encaixotadas). Nematóides: As espécies dos nematóides das galhas Meloidogyne incognita, M. javanica, M. arenaria e M. hapla são os mais importantes nos cultivos de cenoura no Brasil. As plantas infectadas mostram crescimento reduzido e amarelecimento nas folhas semelhante ao sintoma de deficiência mineral. As raízes tornam-se de tamanhos reduzidos com deformações devido a intensa formação de galhas (Figura 4). A rotação de cultura e resistência genética são os principais e mais eficientes métodos de controle dos nematóides. A rotação com plantas do gênero Stylosanthes, Crotalaria e Styzolobium por um período mínimo de 120 dias, reduz a população dos nematóides e melhora as propriedades físicas do solo. A rotação com Tagetes e Graminea como milho e sorgo é também utilizada em solos infestados para reduzir a população dos nematóides. Além do uso da rotação de culturas em áreas infestadas, recomenda-se também fazer arações e gradagens profundas em dias secos e quentes, para matar os nematóides por excesso de desidratação e calor. O uso de cultivares resistentes como Brasília e Alvorada, bem como a aplicação de nematicidas registrados como Carbofuran, são outras medidas de controle dos nematóides que complementam a rotação de culturas. <

quarta-feira, 20 de março de 2013

Doenças e pragas do abacaxi:


Fusariose - causada pelo fungo Fusarium subglutinans, é a doença mais importante da cultura do abacaxi no Brasil, onde é encontrada em quase todas as regiões produtoras. Pode provocar grandes perdas na produção de frutos, que podem atingir taxas superiores a 80%, caso a floração e a frutificação ocorram em períodos chuvosos e de temperaturas mais frias. As principais variedades de abacaxi plantadas no Brasil ('Pérola', 'Smooth Cayenne' e 'Jupi') e outras ('Gold' ou `MD2' e 'Gomo de Mel') são suscetíveis a esta doença, cuja disseminação a longas distâncias ocorre por meio do transporte de mudas infectadas. Dentro do plantio ou entre plantios de uma mesma região, o fungo se espalha pela ação do vento, salpicos de chuva e por insetos que visitam as inflorescências. Neste caso, o patógeno utiliza aberturas naturais (flores abertas, rachaduras nos frutos em crescimento) ou artificiais (ferimentos, lesões por insetos) para causar doença.
A fusariose ataca praticamente todas as partes da planta, com destaque para a inflorescência, a infrutescência e o material propagativo (filhotes e rebentões) (Figura 1a). Quando observada nas plantas jovens, a doença é decorrente do plantio de mudas infectadas. Os sintomas nas plantas atacadas são folhas amareladas, com o "olho" aberto e exposição das folhas mais novas (Figura 1b); redução no tamanho das folhas; presença de resina ou goma na base das folhas, próxima ao caule; curvatura para um lado ("olho torto"); ausência ou redução no desenvolvimento de raízes; e mesmo a morte da planta. Os sintomas nos frutos doentes são a exsudação de goma no centro do frutilho atacado e apodrecimento da polpa (Figura 1c). A fusariose do abacaxizeiro também pode ocorrer nas mudas dos tipos coroa, filhote e rebentão, que são infectadas quando ainda aderidas à planta-mãe. O plantio dessas mudas dá origem a plantas doentes que deverão ser arrancadas e enterradas ou queimadas pelo produtor.
As plantas doentes que ficam na área possibilitam a multiplicação do fungo, que contamina as inflorescências (com entrada pelas flores abertas e ferimentos causados pela broca-do-fruto) e também as mudas em desenvolvimento.
Em função da gravidade e elevadas perdas, a fusariose deve ser controlada antes mesmo de se iniciar um novo plantioSempre que possível, deve-se utilizar variedades resistentes, a exemplo da 'Imperial' e 'Vitória'. Todavia, isto depende da disponibilidade de mudas, da adaptabilidade da variedade e da aceitação pelo mercado consumidor. No caso de utilização de variedades suscetíveis à fusariose, como a 'Pérola', a 'Gomo de Mel', a 'Gold' ou a 'Smooth Cayenne', o controle é obtido pela adoção de um conjunto de práticas, descritas a seguir:
Não deixar restos de cultura nem plantios abandonados, pois são fontes de contaminação para os outros plantios. A eliminação desses restos de cultura pode ser feita por meio de roçagem, enterrio ou queima controlada das plantas doentes;
Para os novos plantios deve-se usar somente mudas sadias. O agricultor deve visitar as plantações de onde serão retiradas as mudas para um novo plantio antes da colheita dos frutos. Deve-se rejeitar mudas de áreas com presença da doença nos frutos. A melhor opção para produção de mudas sadias é utilizar a técnica de seccionamento do caule, que permite também a produção de grande quantidade de mudas numa área pequena;
É muito importante que durante a realização dos tratos culturais, como as adubações e controle do mato, se elimine todas as plantas doentes que forem encontradas no plantio, por meio da queima ou enterrio;
Sempre que possível, planejar o plantio e o tratamento para indução floral de forma que o florescimento coincida com condições desfavoráveis à ocorrência da doença, ou seja, em épocas mais quentes e menos chuvosas;
O controle químico da doença nos frutos deve ser preventivo, principalmente se a floração ocorrer em períodos de temperaturas mais baixas e maior umidade do ar. A pulverização deve cobrir toda a inflorescênciapois o fungo penetra pelas flores abertas. Devem ser utilizados apenas fungicidas registrados para a cultura do abacaxi (Tabela 1). Para controle eficiente é necessário iniciar as pulverizações cerca de 35 dias após o tratamento de indução floral. As pulverizações devem ser repetidas a cada sete dias e devem se estender até o fechamento de todas as flores abertas. As pulverizações devem ser feitas nas horas mais frescas do dia, sem chuva, de preferência no começo da manhã, a fim de melhorar sua eficiência. Caso chova até três horas após a pulverização, esta deverá ser repetida. Verificar periodicamente o surgimento de novas inflorescências, situação que exige o mesmo tratamento preventivo;
Uma prática de controle alternativo à aplicação de fungicidas é realizar a proteção mecânica das inflorescências com sacos de papel dupla face, antes da abertura das primeiras flores; em algumas situações pode ser usado saco de papel comum. A proteção mecânica é uma prática recomendada para pequenos plantios, onde se utiliza a mão-de-obra familiar.


Queima-solar do fruto - Também chamada de escaldadura, é um problema no fruto decorrente da exposição anormal de uma de suas partes à ação dos raios do sol. Ocorre no período próximo da colheita, quando os frutos tornam-se mais sensíveis e é mais intensa quando o fruto tomba para um lado. Pode causar perdas de até 70% na produção, sobretudo quando a colheita coincide com épocas de alta radiação solar e temperatura. Desta forma, é necessário que os frutos sejam protegidos nessas épocas.
A proteção deve ser feita principalmente do lado do sol poente, de várias formas: a) utilizar materiais vegetais (capim seco, palha de bananeira, mudas de abacaxi, etc.), papel de jornal, sacos de papel, e outros; b) amarrar as próprias folhas do abacaxizeiro sobre os frutospor exemplo, levantar as folhas mais compridas em volta do fruto e amarrá-las acima do mesmo com um cordão ou com uma das próprias folhas da planta.
Outras medidas complementares são: a) efetuar o plantio no sentido Leste-Oeste; b) fazer a indução floral de forma que a colheita ocorra em épocas de radiação solar mais baixa; c) fazer a adubação de acordo com as recomendações técnicas, para reduzir o tombamento de frutos.

Podridão-negra -É uma doença que ocorre no fruto depois da colheita. Para ser evitada, deve-se pincelar a parte cortada do pedúnculo com um fungicida à base de triadimefon (30 g do p.c. por 100 L de água), no momento da colheita, ou, então, usar uma esponja encharcada com a solução desse fungicida






domingo, 3 de fevereiro de 2013

Doenças da Soja:

olá, hoje nós vamos abordar a respeito das doenças da soja. A fonte de informação foi retirada da EMBRAPA.

Considerações gerais

Entre os principais fatores que limitam a obtenção de altos rendimentos em soja estão as doenças. Aproximadamente 40 doenças causadas por fungos, bactérias, nematóides e vírus já foram identificadas no Brasil. Esse número continua aumentando com a expansão da soja para novas áreas e como conseqüência da monocultura. A importância econômica de cada doença varia de ano para ano e de região para região, dependendo das condições climáticas de cada safra. As perdas anuais de produção por doenças são estimadas em cerca de 15% a 20%, entretanto, algumas doenças podem ocasionar perdas de quase 100%.

Na safra 2001/2002 uma nova doença, a ferrugem da soja causada pelo fungo Phakopsora pachyrhizi, foi detectada desde o Rio Grande do Sul até o Mato Grosso causando perdas significativas em lavouras isoladas. Atualmente, é a maior ameaça potencial, preocupando tanto a pesquisa quanto os produtores pelos prejuízos que causa na Ásia e África onde ocorre há anos.

A expansão de áreas irrigadas nos Cerrados tem possibilitado o cultivo da soja no outono/inverno para a produção de sementes. Esse cultivo favorece a sobrevivência dos fungos causadores da antracnose, do cancro da haste, da podridão branca da haste, da podridão vermelha da raiz e dos nematóides de galhas e do de cisto. Os cultivos do feijão, da ervilha, da melancia e do tomate, que são também realizados sob irrigação na mesma época, são afetados pela podridão branca da haste, pela podridão radicular e mela de Rhizoctonia (R. solani) e pelos nematóides de galhas e nematóides de cisto (feijão e ervilha), aumentando o potencial de inóculo desses patógenos para a safra seguinte de soja.

A maioria dos patógenos é transmitida através das sementes e, portanto, o uso de sementes sadias ou o tratamento das sementes é essencial para a prevenção ou a redução das perdas. Os exemplos mais evidentes de doenças que são disseminadas através das sementes são a antracnose (Colletotrichum dematium var. truncata), a seca da haste e vagem (Phomopsis spp.), a mancha púrpura da semente e o crestamento foliar de Cercospora (Cercospora kikuchii), a mancha "olho-de-rã" (Cercospora sojina), a mancha parda (Septoria glycines) e o cancro da haste (Diaporthe phaseolorum f.sp. meridionalis).

O nematóide de cisto da soja (Heterodera glycines Ichinohe), identificado pela primeira vez na Região dos Cerrados em 1991/92, na safra 1996/97 já havia sido constatado em mais de 60 municípios brasileiros nos estados do Rio Grande do Sul, do Paraná, de São Paulo, de Goiás, de Minas Gerais, do Mato Grosso e do Mato Grosso do Sul. A cada safra, diversos municípios são acrescentados à lista de municípios atingidos, representando um grande desafio para a pesquisa, a assistência técnica e o produtor brasileiro de soja.

Doenças identificadas no Brasil

As seguintes doenças da soja foram identificadas no Brasil. Suas ocorrências podem variar de esporádicas ou restritas à incidência generalizada nacionalmente. São relacionados os nomes comuns e seus respectivos agentes para as doenças causadas por fungos, bactérias, vírus e nematóides. A identificação das doenças e a avaliação das perdas geralmente exigem treinamentos especializados.

Doenças fúngicas
Doenças foliares




Doenças da haste, vagem e semente

 


Doenças radiculares



Doenças bacterianas



Doenças causadas por vírus



Doenças causadas por nematóides



Doenças de causa não definida



Principais doenças e medidas de controle
Portanto, a convivência econômica com as doenças depende da ação de vários fatores de um sistema integrado de manejo da cultura.

Ferrugem (Phakopsora pachyrhizi)
A ferrugem da soja é causada por duas espécies de fungo do gênero Phakopsora: a P. meibomiae (Arth.) Arth., causadora da ferrugem "americana", que ocorre naturalmente em diversas leguminosas desde Porto Rico, no Caribe, ao sul do Estado do Paraná (Ponta Grossa) e a P. pachyrhizi Sydow & P. Sydow, causadora da ferrugem "asiática", presente na maioria dos países que cultivam a soja e, a partir da safra 2000/01, também no Brasil e no Paraguai. A distinção das duas espécies é feita através da morfologia de teliósporos e da análise do DNA.

Ferrugem "americana" - A ferrugem "americana" foi identificada no Brasil, em Lavras (MG), em 1979. Sua ocorrência é mais comum no final da safra, em soja "safrinha" (outono/inverno) e em soja guaxa, estando restrita às áreas de clima mais ameno. O fungo P. meibomiae raramente causa danos econômicos. Além da soja, o fungo infecta diversas leguminosas, sendo mais freqüentemente observada na soja perene, Neonotonia wightii (sinon. Glycine javanica).

Ferrugem "asiática" - A ferrugem asiática foi constatada pela primeira vez no Continente Americano no Paraguai, em 5 de março e no Estado do Paraná, em 26 de maio de 2001. Na safra 2001/02 apresentou grande expansão atingindo os estados do RS, de SC, do PR, de SP, de MG, do MS, do MT e de GO. A doença é favorecida por chuvas bem distribuídas e longos períodos de molhamento. A temperatura ótima para o seu desenvolvimento varia entre 18o-28oC. Em condições ótimas, as perdas na produtividade podem variar de 10% a 80%. Estima-se que mais de 60% da área de soja do Brasil foi atingida pela ferrugem na safra 2001/02, resultando em perdas de 112.000 t ou US$24,70 milhões.

Sintomas - O sintoma da ferrugem "americana" difere do da ferrugem "asiática" apenas pela predominância da coloração castanho-avermelhada ("reddish-brown - RB") das lesões.

Na ferrugem "asiática", as lesões das cultivares suscetíveis são predominantemente castanho-claras ("TAN") porém, quando em alta incidência pode causar crestamento foliar, assemelhando ao crestamento foliar de Cercospora; em cultivares resistentes ou tolerantes, as lesões são predominantemente castanho-avermelhadas (RB).

Os sintomas iniciais da ferrugem são caracterizados por minúsculos pontos (1-2mm de diâmetro) mais escuros do que o tecido sadio da folha, de uma coloração esverdeada a cinza-esverdeada. Devido ao hábito biotrófico (nutre-se do tecido vivo das plantas) do fungo, em cultivares suscetíveis, as células infectadas morrem somente após ter ocorrido abundante esporulação. Devido a isso, as lesões não são facilmente visíveis no início da infecção. Para melhor visualização das lesões nesse estádio, deve-se tomar uma folha suspeita e olhá-la através do limbo foliar pela face superior (adaxial), contra um fundo claro (o céu, por exemplo). Uma vez localizado o ponto suspeito (1-2mm de diâmetro), deve-se confirmar, observando o ponto escuro pela face superior (abaxial) da folha verificando, com uma lupa de 10x a 30x de aumento, ou sob um microscópio estereoscópico, a formação das urédias. No local correspondente ao ponto escuro, observa-se, inicialmente, uma minúscula protuberância, semelhante a uma ferida (bolha) por escaldadura, sendo essa o início da formação da estrutura de frutificação do fungo. À medida que ocorre a morte dos tecidos infectados, as manchas aumentam de tamanho (1-4mm) e adquirem coloração castanho-avermelhada.

Para facilitar a visualização das urédias com a lupa ou microscópio, fazer com que a luz incida com a máxima inclinação sobre a face abaxial da folha, de modo a formar sombra de um dos lados das urédias. Esse procedimento permite a observação das urédias, a campo, mesmo sem o auxílio de uma lupa de bolso (a olho-nú). Progressivamen te, as urédias, também chamadas de "pústulas", adquirem cor castanho-clara a castanho-escura, abrem-se em um minúsculo poro, expelindo os uredosporos. Os uredosporos, inicialmente de coloração hialina (cristalina), tornam-se bege e acumulam-se ao redor dos poros ou são carregados pelo vento. O número de urédias (ou pústulas), por ponto, pode variar de um a seis. À medida que prossegue a esporulação, o tecido da folha ao redor das primeiras urédias adquire coloração castanho-clara (lesão do tipo "TAN") a castanho-avermelhada (lesão do tipo "reddish-brown"- RB), formando as lesões que são facilmente visíveis em ambas as faces da folha. As urédias que deixaram de esporular apresentam as pústulas, com os poros abertos, o que permite distinguir da pústula bacteriana, freqüente causa de confusão.

A ferrugem pode também ser facilmente confundida com as lesões iniciais de mancha parda (Septoria glycines Hemmi) que forma um halo amarelo ao redor da lesão necrótica, que é angular e castanho-avermelhada. Em ambos os casos, as folhas infectadas amarelam, secam e caem prematuramente. A semelhança dos sintomas das doenças de final de ciclo (mancha parda e crestamento foliar de Cercospora) com o da ferrugem e o uso de fungicidas para controle de doenças de final de ciclo podem ter feito com que a ferrugem não fosse identificada em muitas lavouras e regiões onde ela não foi registrada na safra 2001/02. Outra doença com que a ferrugem poderá ser confundida é o crestamento bacteriano (Pseudomonas savastanoi pv. glycinea).

Uma forma de facilitar a visualização da presença do fungo nas lesões, vistas pela face inferior da folha (abaxial), consiste em coletar folhas suspeitas de terem a ferrugem, colocá-las rapidamente em saco plástico, antes que murchem, e mantê-las em incubação por um período de 12 a 24 horas sobre a mesa de trabalho. Caso a umidade do ambiente no momento da coleta seja muito baixa, borrifar um pouco de água sobre as folhas ou colocar papel umedecido para manter as folhas túrgidas. Não colocar folha com excesso de umidade no saco plástico. Após o período de incubação, observar a presença de urédias com o auxílio de uma lente ou da luz tangente sobre a superfície abaxial da folha.

Modo de disseminação - A disseminação da ferrugem é feita unicamente através da dispersão dos uredosporos pelo vento.

Efeitos da ferrugem - A infecção por P. pachyrhizi causa rápido amarelecimento ou bronzeamento e queda prematura das folhas, impedindo a plena formação dos grãos. Quanto mais cedo ocorrer a desfolha, menor será o tamanho dos grãos e, conseqüentemente, maior a perda do rendimento e da qualidade (grãos verdes). Em casos severos, quando a doença atinge a soja na fase de formação das vagens ou no início da granação, pode causar o aborto e a queda das vagens, resultando em até perda total do rendimento. Elevadas perdas de rendimento têm sido registradas na Austrália (80%), na Índia (90%) e em Taiwan (70%-80%). No Brasil, os danos mais severos foram observados em Goiás (Chapadão do Céu) e no Mato Grosso do Sul (Chapadão do Sul) onde houve redução de rendimentos, de uma safra para outra, de 55-60 sacos/ha (3.300-3.600 kg/ha) (2000/01) para 14-15 sacos/ha (840-900 kg/ha) (2001/02).

Manejo - O fato de ser uma doença de ocorrência recente e a limitada disponibilidade de informações sobre as influências que as condições climáticas das distintas regiões de cultivo da soja poderão exercer sobre a severidade da doença nas próximas safras, torna difícil fazer uma recomendação genérica de controle que satisfaça a todas as regiões. Todavia, nos estados e municípios onde a ferrugem foi constatada na safra 2001/02, as seguintes estratégias de controle ou manejos podem ser adotados: 1. aumentar a área de rotação com milho ou algodão (nos Cerrados), a fim de evitar perdas por ferrugem na soja; 2. semear cultivares mais precoces, concentrando os cultivos no início da época de semeadura indicada para cada região (não se deve semear grandes áreas em poucos dias, o que poderá ocasionar perdas ou danos por deterioração, devido ao atraso na colheita); 3. evitar a semeadura em várias épocas e com cultivares tardias, pois a soja semeada mais tardiamente (ou de ciclo longo) irá sofrer mais dano por receber a carga de esporos do fungo multiplicados nos primeiros cultivos; e 4. cultivares resistentes - dentre 452 cultivares comerciais testadas para reação à ferrugem, em casa-de-vegetação (Londrina) e a campo (Ponta Grossa), as seguintes cultivares apresentaram reação uniforme, variando de resistente a moderadamente resistente: BRS 134, BRSMS Bacuri (Tabela 11.). Embora limitada, existe a possibilidade de controle da ferrugem através das cultivares tolerantes/resistentes, mencionadas acima.

Doenças de final de ciclo

Sob condições favoráveis, as doenças foliares de final de ciclo, causadas por Septoria glycines (mancha parda) e Cercospora kikuchii (crestamento foliar de Cercospora), podem reduzir o rendimento em mais de 20%, o que equivale à perda anual de cerca de quatro milhões de toneladas de soja. Ambas ocorrem na mesma época e, devido às dificuldades para avaliá-las individualmente, são consideradas como o "complexo de doenças de final de ciclo". O fungo C. kikuchii também causa a mancha púrpura na semente, reduzindo a qualidade e a germinação. As perdas serão maiores se forem associados aos danos causados por outras doenças (ex. cancro da haste, antracnose, nematóides de galhas, nematóide de cisto, podridão branca da haste).

A incidência dessas doenças pode ser reduzida através da integração do tratamento químico das sementes com a incorporação dos restos culturais e a rotação da soja com espécies não suscetíveis, como o milho e a sucessão com o milheto. Desequilíbrios nutricionais e baixa fertilidade do solo tornam as plantas mais susceptíveis, podendo ocorrer severa desfolha antes mesmo de a soja atingir a meia grana (estádio de desenvolvimento R5.4) (Tabela 11.2). A Tabela 11.3apresenta os fungicidas recomendados para controle. A aplicação deve ser feita entre os estádios R5.1 e R5.5 se as condições climáticas estiverem favoráveis à ocorrência das doenças, isto é, chuvas freqüentes e temperaturas variando de 22o a 30oC. A ocorrência de veranico durante o ciclo da cultura reduz a incidência, tornando desnecessária a aplicação de fungicidas.

Mancha "olho-de-rã" (Cercospora sojina)
Identificada pela primeira vez em 1971, a mancha "olho-de-rã" chegou a causar grandes prejuízos na Região Sul e nos Cerrados. No momento, está sob controle devido ao uso de cultivares resistentes (Tabela 11.1), sendo raramente observada. Devido à capacidade do fungo em desenvolver raças (25 raças já foram identificadas no Brasil), é importante que, além do uso de cultivares resistentes, haja também a diversificação regional de cultivares, com fontes de resistência distintas.

O uso de cultivares resistentes e o tratamento de sementes com fungicidas, de forma sistemática, são fundamentais para o controle da doença e para evitar a introdução do fungo ou de uma nova raça de C. sojina em áreas onde ela não esteja presente.

Oídio (Microsphaera diffusa)

O oídio é uma doença que, a partir da safra 1996/97, tem apresentado severa incidência em diversas cultivares em todas as regiões produtoras, desde os Cerrados ao Rio Grande do Sul. As lavouras mais atingidas podem ter perdas de rendimento de até 40%.

Esse fungo infecta diversas espécies de leguminosas. É um parasita obrigatório que se desenvolve em toda a parte aérea da soja, como folhas, hastes, pecíolos e vagens (raramente observada). O sintoma é expresso pela presença do fungo nas partes atacadas e por uma cobertura representada por uma fina camada de micélio e esporos (conídios) pulverulentos que podem ser pequenos pontos brancos ou cobrir toda a parte aérea da planta, com menor severidade nas vagens. Nas folhas, com o passar dos dias, a coloração branca do fungo muda para castanho-acinzentada, dando a aparência de sujeira em ambas as faces. Sob condição de infecção severa, a cobertura de micélio e a frutificação do fungo, além do dano direto ao tecido das plantas, diminue a fotossíntese. As folhas secam e caem prematuramente, dando à lavoura aparência de soja dessecada por herbicida, ficando com uma coloração castanho-acinzentada a bronzeada. Na haste e nos pecíolos, as estruturas do fungo adquirem coloração que varia de branca a bege, contrastando com a epiderme da planta, que adquire coloração arroxeada a negra. Em situação severa e em cultivares altamente suscetíveis, a colonização das células da epiderme das hastes impede a expansão do tecido cortical e, simultaneamente, causa o engrossamento do lenho, rachadura das hastes e cicatrizes superficiais.

A infecção pode ocorrer em qualquer estádio de desenvolvimento da planta, porém, é mais visível por ocasião do início da floração. Quanto mais cedo iniciar a infecção, maior será o efeito da doença sobre o rendimento. Baixa umidade relativa do ar e temperaturas amenas, que ocorrem durante a entressafra, são altamente favoráveis ao desenvolvimento do oídio.
As reações das cultivares indicadas no Brasil estão apresentadas na Tabela 11.1. Houve grande variação na reação de algumas cultivares entre as localidades onde foram feitas as avaliações. Essas variações podem indicar a existência de variabilidade (raças fisiológicas) entre as populações do fungo de diferentes localidades.

O método mais eficiente de controle do oídio é através do uso de cultivares resistentes. Devem ser utilizadas as cultivares que sejam resistentes (R) a moderadamente resistentes (MR) ao fungo. Outra forma de evitar perdas por oídio é não semear cultivares suscetíveis nas épocas mais favoráveis à ocorrência da doença, tais como semeaduras tardias ou safrinha e cultivo sob irrigação no inverno. O controle químico, através da aplicação de fungicidas foliares (Tabela 11.4) poderá ser utilizado. Para o controle de oídio nos estádios iniciais indica-se usar preferencialmente o enxofre (2 kg i.a./ha), que causa menor impacto sobre o fungo. O momento da aplicação depende do nível de infecção e do estádio de desenvolvimento da soja. A aplicação deve ser feita quando o nível de infecção atingir de 40% a 50% da área foliar da planta como um todo.

Cancro da haste (Diaporthe phaseolorum f.sp. meridionalis; Phomopsis phaseoli f.sp. meridionalis)
Identificado pela primeira vez na safra 1988/89, no sul do Estado do Paraná e em área restrita no Mato Grosso, na safra seguinte foi encontrado em todas as regiões produtoras de soja do País, tendo, até a safra 96/97, causado, ao nível nacional, perda estimada em US$ 0,5 bilhão. Uma vez introduzido na lavoura através de sementes e de resíduos contaminados em máquinas e implementos agrícolas, o fungo multiplica-se nas primeiras plantas infectadas e, posteriormente, durante a entressafra, nos restos de cultura. Iniciando com poucas plantas infectadas no primeiro ano, o cancro da haste pode causar perda total, na safra seguinte.

O fungo é altamente dependente de chuvas para disseminar os esporos dos restos de cultura para as plântulas em desenvolvimento. Quanto mais freqüentes forem as chuvas nos primeiros 40 a 50 dias após a semeadura, maior a quantidade de esporos do fungo que serão liberados dos restos de cultura e atingirão as hastes das plantas. Após esse período, a soja estará suficientemente desenvolvida e a folhagem estará protegendo o solo e os restos de cultura do impacto das chuvas, portanto, liberando menos inóculo.
Além das condições climáticas, os níveis de danos causados à soja dependem da suscetibilidade, do ciclo da cultivar e do momento em que ocorrer a infecção. Como o cancro da haste é uma doença de desenvolvimento lento (demora de 50 a 80 dias para matar a planta), quanto mais cedo ocorrer a infecção e quanto mais longo for o ciclo da cultivar, maiores serão os danos. Nas cultivares mais suscetíveis, o desenvolvimento da doença é mais rápido, podendo causar perda total. Nas infecções tardias (após 50 dias da semeadura) e em cultivares mais resistentes, haverá menos plantas mortas, com a maioria afetada parcialmente.

O controle da doença exige a integração de todas as medidas capazes de reduzir o potencial de inóculo do patógeno na lavoura: uso de cultivares resistentes, tratamento de semente, rotação/sucessão de culturas, manejo do solo com a incorporação dos restos culturais, escalonamento de épocas de semeadura, e adubação equilibrada. Só utilizar guandu ou tremoço como adubo verde antes da cultura da soja na certeza de utilizar cultivar de soja resistente. O uso de cultivar resistente é a forma mais econômica e eficiente de controle do cancro da haste. Na Tabela 11.1, estão apresentadas as reações ao cancro da haste das cultivares comerciais, para os estados abrangidos por esta publicação. Em áreas de semeadura direta, mesmo com histórico de cancro da haste na safra anterior, o uso de cultivares resistentes oferecerá bons rendimentos.

Antracnose (Colletotrichum dematium var. truncata)

A antracnose é uma das principais doenças da soja nas regiões dos Cerrados. Sob condições de alta umidade, causa apodrecimento e queda das vagens, abertura das vagens imaturas e germinação dos grãos em formação. Pode causar perda total da produção mas, com maior freqüência, causa alta redução do número de vagens e induz a planta à retenção foliar e haste verde. Geralmente, está associada com a ocorrência de diferentes espécies de Phomopsis, que causam a seca da vagem e da haste. Além das vagens, o Colletotrichum dematium var. truncata infecta a haste e outras partes da planta, causando manchas castanho escuras. É também possível que seja uma das principais causadoras da necrose da base do pecíolo que, nos últimos anos, tem sido responsável por severas perdas de soja nos Cerrados e cuja etiologia ainda não está esclarecida. Em anos com período prolongado de chuvas, após a semeadura direta da soja, sobre a palha do trigo, em solo compactado, é comum a morte de plântulas nos primeiros trinta dias. Em alguns casos, é necessária a ressemeadura.

A alta intensidade da antracnose nas lavouras dos Cerrados é atribuída à maior precipitação e às altas temperaturas, porém, outros fatores como o excesso de população de plantas, cultivo contínuo da soja, estreitamento nas entrelinhas (35-43 cm), uso de sementes infectadas, infestação e dano por percevejo e deficiências nutricionais, principalmente de potássio, são também responsáveis pela maior incidência da doença.

A redução da incidência de antracnose, nas condições dos Cerrados, só será possível através de rotação de culturas, maior espaçamento entre as linhas (50 a 55 cm), população adequada (250.000 a 300.000 plantas/ha), tratamento químico de semente e manejo adequado do solo, principalmente, com relação à adubação potássica. Observações a campo têm mostrado que, sob semeadura direta e em áreas com cobertura morta, a incidência de antracnose é menos severa. O manejo da população de percevejo é também importante na redução de danos por antracnose.

Seca da haste e da vagem (Phomopsis spp.)
É uma das doenças mais tradicionais da soja e, anualmente, junto com a antracnose, é responsável pelo descarte de grande número de lotes de sementes. Seu maior dano é observado em anos quentes e chuvosos, nos estádios iniciais de formação das vagens e na maturação, quando ocorre o retardamento de colheita por excesso de umidade. Em solos com deficiência de potássio, o fungo causa sério abortamento de vagens, geralmente associado com a antracnose, resultando em haste verde e retenção foliar. Cultivares precoces com maturação no período chuvoso são severamente danificadas.

Sementes armazenadas sob condições de temperaturas amenas, durante a entressafra, mantêm por mais tempo a viabilidade de Phomopsis sojae e de Phomopsis spp. Sementes superficialmente infectadas por Phomopsis spp., quando semeadas em solo úmido, geralmente emergem, porém, o fungo desenvolvido no tegumento impede que os cotilédones se abram e não permite que as folhas primárias se desenvolvam. O tratamento da semente com fungicida resolve o problema.

Para o controle da seca da haste e da vagem, devem ser seguidas as mesmas indicações para a antracnose.

Mancha alvo e podridão da raiz (Corynespora cassiicola)

Surtos severos têm sido observados esporadicamente, desde as zonas mais frias do Sul às chapadas dos Cerrados. Cultivares suscetíveis podem sofrer completa desfolha prematura, apodrecimento das vagens e intensas manchas nas hastes. Através da infecção na vagem, o fungo atinge a semente e, desse modo, pode ser disseminado para outras áreas. A infecção, na região da sutura das vagens em desenvolvimento, pode resultar em necrose, abertura das vagens e germinação ou apodrecimento dos grãos ainda verdes. A podridão de raiz causada pelo fungo C. cassiicola é também comum, principalmente em áreas de semeadura direta. Todavia, severas infecções em folhas, vagens e hastes, geralmente não estão associadas com a correspondente podridão de raiz. Mais estudos são necessários para esclarecer se a espécie do fungo que causa a mancha foliar é a mesma que infecta o sistema radicular. A podridão de raiz é mais freqüente e está aumentando com a expansão das áreas em semeadura direta.
Na Tabela 11.1, são apresentadas as reações das cultivares à mancha alvo baseadas em avaliações a campo e em casa-de-vegetação, com inoculações artificiais.

Podridão parda da haste (Phialophora gregata)
Na safra 1988/89, a doença foi constatada pela primeira vez em Passo Fundo (RS) e municípios vizinhos com morte de até 100% das plantas em algumas lavouras. Na safra 1991/92, além da reincidência severa no Rio Grande do Sul, a doença foi constatada também na região de Chapecó, em Santa Catarina.

A doença é de desenvolvimento lento, matando as plantas na fase de enchimento de grãos. O sintoma característico é o escurecimento castanho escuro a arroxeado da medula, em toda a extensão da haste e seguida de murcha, amarelecimento das folhas e freqüente necrose entre as nervuras das folhas, caracterizando a folha "carijó". Essa doença não produz sintoma externo na haste.

Observações preliminares têm indicado a existência de cultivares comerciais com alto grau de resistência na Região Sul. As experiências com a doença nos Estados Unidos, onde o problema é importante e tem exigido grandes e prolongados investimentos, indica que esse será mais um desafio para a produção de soja no Brasil. A doença ainda não foi constatada na Região Central do Brasil, estando restrita aos estados do Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná; os planaltos dos Cerrados, acima de 800 metros de altitude, podem oferecer condições para o desenvolvimento da podridão parda. Para evitar a introdução da doença no Cerrado será necessária a adoção de medidas preventivas, como o tratamento com fungicidas das sementes introduzidas daqueles três estados e a limpeza completa dos caminhões, máquinas e implementos agrícolas que se movimentam daquela região para a Região dos Cerrados, nas épocas de semeadura e colheita.
Em áreas afetadas indica-se a rotação com milho ou a semeadura de cultivares de soja que não tenham sido afetadas na região.

Podridão vermelha da raiz (PVR) (Fusarium solani f.sp. glycines)

Essa doença foi observada pela primeira vez na safra 1981/82, em São Gotardo (MG). A partir da safra 96/97, ela está presente desde o Maranhão ao Rio Grande do Sul, sendo os estados do Rio Grande do Sul, de Santa Catarina, do Paraná, do Mato Grosso, do Mato Grosso do Sul, de Goiás e de Minas Gerais os mais afetados. A podridão vermelha da raiz (PVR) ocorre em reboleiras ou de forma generalizada na lavoura.

O sintoma de infecção na raiz inicia com uma mancha avermelhada, mais visível na raiz principal, geralmente localizada um a dois centímetros abaixo do nível do solo. Essa mancha se expande, circunda a raiz e passa da coloração vermelho arroxeada para castanho-avermelhada a quase negra. Essa necrose acentuada localiza-se mais no tecido cortical, enquanto que o lenho da raiz adquire coloração, no máximo, castanho-clara, estendendo-se pelo tecido lenhoso da haste a vários centímetros acima do nível do solo. Nessa fase, observa-se, na parte aérea, o amarelecimento prematuro das folhas e, com maior freqüência, uma acentuada necrose entre as nervuras das folhas, resultando no sintoma conhecido como folha "carijó".

Informações disponíveis até o momento indicam que, com exceção de cultivares resistentes, nenhuma prática agronômica tem sido adequada para reduzir o impacto da doença. A rotação de cultura com o milho ou a cobertura com milheto não controla a doença. Além disso, safras chuvosas e semeadura direta favorecem a incidência da doença.

Podridão da raiz e da base da haste (Rhizoctonia solani)
Essa doença foi constatada pela primeira vez na safra 1987/88, em Ponta Porã (MS), em Rondonópolis (MT) e em São Gotardo (MG). Na safra 1989/90, foi constatada em Campo Novo dos Parecis, Mato Grosso, em ocorrência esporádica. Na safra 1990/91, foi constatada em Lucas do Rio Verde, Campo Verde e em Alto Garça, Mato Grosso e em Chapadão do Sul, Mato Grosso do Sul.

A incidência da doença variou de algumas plantas mortas a extensas reboleiras, onde se misturavam plantas mortas e plantas sem sintomas. A morte das plantas começa a ocorrer a partir da fase inicial de desenvolvimento das vagens. A ocorrência da doença, até o momento, está restrita à região dos Cerrados associada a anos de intensa precipitação.

O sintoma inicia-se por podridão castanha e aquosa da haste, próximo ao nível do solo e estende-se para baixo e para cima, assemelhando muito com a podridão de Phytophthora. Em fase posterior, o sistema radicular adquire coloração castanho escura, o tecido cortical fica mole e solta-se com facilidade, expondo um lenho firme e de coloração branca a castanho-clara. Na parte superior, as plantas infectadas apresentam clorose, as folhas murcham e ficam pendentes ao longo da haste. Na parte inferior da haste principal, a podridão evolui, atingindo vários centímetros acima do nível do solo. Inicialmente, de coloração castanho clara e de aspecto aquoso, a lesão torna-se, posteriormente, negra. A área necrosada, geralmente, apresenta ligeiro afinamento em relação à parte superior. O tecido cortical necrosado destaca-se com facilidade, dando a impressão de podridão superficial. Outro sintoma observado é a formação de uma espécie de cancro, em um dos lados da base da haste, com a parte afetada deprimida, estendendo-se a vários centímetros acima do nível do solo.

Crestamento bacteriano da soja (Pseudomonas savastanoi pv. glycinea)

A doença é comum em folhas, mas pode ser encontrada em outros órgãos da planta, como hastes, pecíolos e vagens. Os sintomas nas folhas surgem como pequenas manchas, de aparência translúcida circundadas por um halo de coloração verde-amarelada. Essas manchas, mais tarde, necrosam, com contornos aproximadamente angulares, e coalescem, formando extensas áreas de tecido morto, entre as nervuras secundárias. A maior ou menor largura do halo está diretamente ligada à temperatura ambiente (largo sob temperaturas amenas ou estreito ou quase inexistente sob temperaturas mais altas).

Na face inferior da folha, as manchas são de coloração quase negra apresentando uma película brilhante nas horas úmidas da manhã, formada pelo exudato da bactéria. Infecções severas, nos estádios jovens da planta, conferem aparência enrugada às folhas, como se houvessem sido infectadas por vírus.

A bactéria está presente em todas as áreas cultivadas com soja no País. A infecção primária pode ter origem em duas fontes: sementes infectadas e restos infectados de cultura anterior. Transmissões secundárias, das plantas doentes para as sadias, são favorecidas por períodos úmidos e temperaturas médias amenas (20º a 26ºC). Dias secos permitem que finas escamas do exudato da bactéria se disseminem dentro da lavoura, mas, para haver infecção o patógeno necessita de um filme de água na superfície da folha. Já foram descritas oito raças fisiológicas deste patógeno no Brasil: R2, R3, R4, R6, R7 (também descritas, anteriormente, nos Estados Unidos) e R10, R11 e R12 (raças novas); a mais comum é a raça R3.
Como controle, indica-se o uso de cultivares resistentes (Tabela 11.1), o uso de semente proveniente de lavoura indene e/ou aração profunda para cobrir os restos da cultura anterior, logo após a colheita.

Mosaico comum da soja (vírus do mosaico comum da soja - VMCS)

O VMCS causa redução do porte das plantas de soja, afetando o tamanho e o formato dos folíolos, com escurecimento da coloração e enruga-mentos. Em alguns casos, há formação de bolhas no limbo foliar. O VMCS causa também redução do tamanho das vagens e sementes e prolongamento do ciclo vegetativo, com sintoma característico de haste verde.

Pode causar o sintoma "mancha café" nas sementes, um derramamento do pigmento do hilo. O vírus se transmite pela semente, no entanto, a porcentagem de transmissão depende da estirpe do vírus e da cultivar de soja. As taxas de transmissão das estirpes comuns, na maioria das cultivares de soja suscetíveis, têm sido menores do que 5%. O VMCS dissemina-se no campo através dos pulgões. Embora nenhuma espécie de pulgão seja parasita da soja no Brasil, as picadas de prova permitem que o vírus seja disseminado a partir das sementes de plantas infectadas.

O controle desta virose tem sido obtido pelo uso de cultivares resistentes (Tabela 11.1).

Nematóides de galhas (Meloidogyne spp.)
No Brasil, as espécies Meloidogyne javanica e M. incognita de nematóides formadores de galhas destacam-se pelos danos que causam à soja. Elas têm sido constatadas com maior freqüência no norte do Rio Grande do Sul, sudoeste e norte do Paraná, sul e norte de São Paulo e sul do Triângulo Mineiro. Na região Central do Brasil, o problema é crescente, com severos danos em lavouras do Mato Grosso do Sul e Goiás.

Nas áreas onde ocorrem, observam-se manchas em reboleiras nas lavouras, onde as plantas de soja ficam pequenas e amareladas. As folhas das plantas afetadas normalmente apresentam manchas cloróticas ou necroses entre as nervuras, caracterizando a folha "carijó". Às vezes, pode não ocorrer redução no tamanho das plantas, mas, por oca sião do florescimento, nota-se intenso abortamento de vagens e amadurecimento prematuro das plantas atacadas. Em anos em que acontecem "veranicos", na fase de enchimento de grãos, os danos tendem a ser maiores. Nas raízes das plantas atacadas observam-se galhas em números e tamanhos variados, dependendo da suscetibilidade da cultivar de soja e da densidade populacional do nematóide.

Para culturas de ciclo curto como a soja, todas as medidas de controle devem ser executadas antes da semeadura. Ao constatar que uma lavoura de soja está atacada, o produtor nada poderá fazer naquela safra. Todas as observações e todos os cuidados deverão estar voltados para os próximos cultivos na área. O primeiro passo é a identificação correta da espécie de Meloidogyne predominante na área. Amostras de solo e raízes de soja com galhas devem ser coletadas em pontos diferentes da reboleira, até formar uma amostra composta de cerca de 500 g de solo e pelo menos uns cinco sistemas radiculares de soja. A amostra, acompanhada do histórico da área, deve ser encaminhada, o mais rapidamente possível, a um laboratório de Nematologia. A partir do conhecimento da espécie de Meloidogyne é que se poderá montar um programa de manejo.

O controle dos nematóides de galha pode ser obtido com a rotação/sucessão de culturas e adubação verde, com espécies não hospedeiras. O cultivo prévio de espécies hospedeiras aumenta os danos na soja que as sucedem. Em áreas infestadas por M. javanica, indica-se a rotação da soja com amendoim, algodão, sorgo resistente (AG 2005-E, AG 2501-C), mamona ou milho resistente. Das cultivares de milho comercializadas atualmente no Brasil, Hatã 1001, AG 519, AG 612, AG 5016, AG 3010, AG 6018, AG 5011, AG X6690, BR 3123, C 606, C 491W, C 855, C 929, C 806, C 505, C 447, C 125, C 747, C 901, C 956, Tork, Master, Exceler, Traktor, Premium, Avant, Dominium, Flash, P X1297J, P 30F33, P 30F80, P X1297H, P 32R21, P 3027, P 3081, P 3071, XL 357, XL 215, XL 255, XL 355, XL 221, XL 344, CD 3121, A 2288, A 2555, P 30F88, BRS 2114, BRS 2160, AG9090, AG9020, NB5218, NB7228, 84E60 e 84E80 apresentam resistência (FR<1) a M. javanica. Quando M. incognita for a espécie predominante na área, poderão ser semeados o amendoim ou milho resistente (P 30F80, BRS 2114 e AG 9090). A adubação verde com Crotalaria spectabilis, C. grantiana, C. mucronata, C. paulinea, mucuna preta, mucuna cinza ou nabo forrageiro também contribui para a redução populacional de M. javanica e de M. incognita. Os nematóides de galha se reproduzem bem na maioria das plantas invasoras. Assim, indica-se também o controle sistemático dessas plantas nos focos do nematóide.

A utilização de cultivares de soja resistentes aos nematóides de galha é o meio de controle mais eficiente e mais adequado para o agricultor. Na Tabela 11.1 é apresentada a reação das cultivares mais utilizadas no Brasil.

Nematóide de cisto da soja (Heterodera glycines)
 

O nematóide de cisto da soja (NCS) é uma das principais pragas da cultura pelos prejuízos que pode causar e pela facilidade de disseminação. Ele penetra nas raízes da planta de soja e dificulta a absorção de água e nutrientes condicionando porte e número de vagens reduzidos, clorose e baixa produtividade. Os sintomas aparecem em reboleiras e, em muitos casos, as plantas acabam morrendo. O sistema radicular fica reduzido e infestado por minúsculas fêmeas do nematóide com formato de limão ligeiramente alongado. Inicialmente de coloração branca, a fêmea, posteriormente, adquire a coloração amarela. Após ser fertilizada pelo macho, cada fêmea produz de 100 a 250 ovos, armazenando a maior parte deles em seu corpo. Quando a fêmea morre, seu corpo se transforma em uma estrutura dura denominada cisto, de coloração marrom escura, cheia de ovos, altamente resistente à deterioração e à dessecação e muito leve, que se desprende da raiz e fica no solo.

O cisto pode sobreviver no solo, na ausência de planta hospedeira, por mais de oito anos. Assim, é praticamente impossível eliminar o nematóide nas áreas onde ele ocorre. Em solo úmido, com temperaturas de 20o a 30oC, as larvas eclodem e, se encontrarem a raiz de uma planta hospedeira, penetram e o ciclo se completa em três a quatro semanas. A gama de espécies hospedeiras do NCS é limitada, destacando-se a soja (Glycine max), o feijão (Phaseolus vulgaris), a ervilha (Pisum sativum) e o tremoço (Lupinus albus). A maioria das espécies cultivadas, tais como milho, sorgo, arroz, algodão, girassol, mamona, cana-de-açúcar, trigo, assim como as demais gramíneas, são resistentes. O NCS não se reproduz nas plantas daninhas mais comuns nas lavouras de soja, no Brasil.

As estratégias de controle incluem a rotação de culturas, o manejo do solo e a utilização de cultivares de soja resistentes, sendo ideal a combinação dos três métodos. O uso de cultivares resistentes é o método mais econômico e mais eficiente, porém, seu uso exclusivo pode provocar pressão de seleção de raças, devido à grande variabilidade genética desse parasita.

Detectado no Brasil, pela primeira vez, na safra 1991/92, atualmente, estima-se que a área com o nematóide seja superior a 2,0 milhões de ha. Entretanto, existem muitas propriedades isentas do patógeno, localizadas em municípios considerados infestados. Assim, a prevenção deve ser, ainda, a principal estratégia. A disseminação do NCS se dá, principalmente, pelo transporte de solo infestado. Isso pode ocorrer através dos equipamentos agrícolas, das sementes mal beneficiadas que contenham partículas de solo, pelo vento, pela água e até por pássaros que, ao coletar alimentos do solo, podem ingerir junto os cistos. É importante a conscientização dos produtores sobre a necessidade de se fazer boa limpeza nos equipamentos agrícolas, após terem sido utilizados em outras áreas, para evitar a contaminação da propriedade. O trânsito de máquinas, equipamentos e veículos tem sido o principal agente de dispersão do NCS no País. O cultivo de gramíneas perenes (pastagens ou outras) numa pequena faixa de cada lado da estrada pode retardar a introdução do NCS nas lavouras próximas à estrada. A aquisição de sementes beneficiadas, isentas de partículas de solo, também é fundamental para evitar a entrada do nematóide. Atualmente, o Ministério da Agricultura, da Pecuária e Abastecimento permite a comercialização de sementes de soja produzidas em áreas infestadas, desde que sejam submetidas a determinada seqüência de beneficamento e que sejam acompanhadas por laudo atestando a isenção da presença de cistos. A distribuição desuniforme de cistos no lote de sementes e o tamanho do lote dificultam a obtenção de amostras representativas, o que torna o resultado da análise de valor questionável. Dentro da propriedade, a disseminação do NCS pode ser reduzida pela adoção da semeadura direta.

As cultivares de soja resistentes ao NCS já estão disponíveis e são apresentados na Tabela 11.1. No Brasil, já foram encontradas 11 raças, demonstrando elevada variabilidade genética do nematóide no País. Portanto, mesmo com a utilização de cultivares resistentes, os sojicultores terão que continuar fazendo rotação de culturas nas áreas infestadas. Isso evitará que o nematóide mude de raça e, assim, a resistência dessas novas cultivares às raças 1 e 3, predominantes nas áreas cultivadas, estará preservada. Um sistema de rotação, que envolva culturas não hospedeiras, cultivar suscetível e cultivar resistente deverá ser adotado, por exemplo, milho-soja resistente-soja susceptível. A rotação da soja com uma espécie não hospedeira, no verão, é o método que vem possibilitando a produção de soja nas áreas infestadas. O milho tem sido a espécie mais utilizada na rotação com a soja. O algodão, o arroz, a mamona, o girassol e a cana, desde que economicamente viáveis, também são boas opções. De modo geral, a substituição da soja, um ano, por uma espécie não hospedeira, proporciona uma redução da população do NCS no solo suficiente para garantir o cultivo da soja por mais um ano, devendo-se continuar a rotação na seqüência, pois a população volta a crescer a níveis de risco. No caso de cultivo de verão por dois ou mais anos consecutivos com espécie não hospedeira, pode-se cultivar soja na área nos dois anos seguintes, sem risco de perda pelo NCS, se o pH do solo estiver nos níveis indicados para a região. Nesse caso, por medida de segurança, indica-se providenciar avaliação da população do nematóide no solo antes do segundo cultivo de soja. Com relação ao cultivo de inverno, em áreas infestadas pelo NCS, indica-se utilizar apenas as espécies não hospedeiras (gramíneas, crucíferas, girassol, mucunas, etc.). O cultivo de espécies hospedeiras no inverno, tais como soja, feijão, tremoço e ervilha permitirá que a população do nematóide se mantenha alta. O NCS reproduz-se na soja germinada a partir de grãos perdidos na colheita (soja "guaxa" ou "tiguera"), aumentando o inóculo para a próxima safra. Portanto, não deve ser permitida a presença de "tiguera" em áreas infestadas.

O manejo adequado do solo (níveis mais altos de matéria orgânica, saturação de bases dentro do indicado para a região, parcelamento do potássio em solos arenosos, adubação equilibrada, suplementação com micronutrientes e ausência de camadas compactadas) ajuda a aumentar a tolerância da soja ao nematóide.

Manuseio de fungicidas e descarte de embalagem

* Utilizar fungicidas devidamente registrados no Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), para uso na cultura da soja e para a doença ou patógeno que deseja controlar. O número do registro consta no rótulo do produto.

* Usar equipamento de proteção individual (EPI) apropriado, em todas as etapas de manuseio de agrotóxicos (abastecimento do pulverizador, aplicação e lavagem de equipamentos e embalagens), a fim de evitar possíveis intoxicações.

* Não fazer mistura em tanque, de dois fungidas, ou de fungicida (s) com outro (s) agrotóxico (s), procedimento proibido por lei (Instrução Normativa do MAPA nº 46, de julho de 2002).

* Evitar aplicações em dias ou em horários com ventos fortes, visando reduzir a deriva dos jatos, tornando mais eficiente a aplicação e reduzindo possíveis contaminações de áreas vizinhas.
* Observar o período de carência do produto (período compreendido entre a data da aplicação e a colheita da soja).

* Ler com atenção o rótulo e a bula do produto e seguir todas as orientações e os cuidados com o descarte das embalagens.

* Devolver as embalagens vazias (após a tríplice lavagem das embalagens de produtos líquidos), no prazo de um ano após a compra do produto, ao posto de recebimento indicado na nota fiscal de compra, conforme legislação do MAPA (Lei 9.974, de 06/06/2000 e Decreto 4.074, de 04/01/2002). 
 

domingo, 6 de janeiro de 2013

Doenças do Arroz:

Olá, hoje nós vamos abordar sobre 2 doenças que são comuns no cultivo do Arroz. São elas: Mancha- Parda e Brusone.

Mancha-Parda:


Causada pelo fungo Drechslera oryzae, a mancha parda manifesta-se principalmente nas folhas e nas glumas, podendo ocorrer também no coleóptilo, bainhas e espiguetas. As sementes infectadas apresentam redução significativa na germinação e a ocorrência do fungo nos grãos resulta em queda acentuada no rendimento de engenho.
 Sintomas
Os sintomas nas folhas são manchas ovais de cor marrom, distribuídas com relativa uniformidade sobre a superfície foliar, podendo apresentar centro branco ou cinza quando completamente desenvolvidas. As manchas novas ou ainda não desenvolvidas são pequenas e circulares com cor marrom-escura 
  Condições favoráveis
É uma doença comum em solos pobres em nutrientes podendo-se agravar quando a deficiência for de silício, potássio, magnésio, ferro e zinco e em solos mal drenados, devido ao acúmulo de substâncias tóxicas que prejudicam a absorção de nutrientes. O estresse hídrico provocado por falta de água também aumenta a suscetibilidade das plantas à doença.
 Controle
Para o controle da mancha parda recomenda-se o uso de cultivares resistentes ou práticas culturais, como preparo adequado do solo, nivelamento, adubação equilibrada e um bom manejo de solo.
Sementes oriundas de lavouras infectadas devem ser tratadas com fungicidas     

Brusone:
Causada pelo fungo Pyricularia oryzae, a brusone é considerada a doença mais importante para cultura do arroz, por provocar perdas que podem chegar a 60%. Esta doença se manifesta em toda a parte aérea da planta, desde os estádios iniciais de desenvolvimento até a fase final de produção de grãos. Entretanto, os sintomas são observados principalmente nas folhas no início do perfilhamento e nas panículas a partir do pleno florescimento.

Sintomas
Observam-se inicialmente nas folhas, pequenas pontuações de coloração castanha que evoluem para manchas alongadas com margem marrom e centro claro. Nas cultivares suscetíveis, a margem marrom muitas vezes é substituída por um halo amarelado. Nas cultivares resistentes se observam somente pequenas manchas marrom do tamanho da cabeça de um alfinete.
Nas panículas, o fungo pode atacar o nó basal, a raque e as ramificações. A infecção do nó basal da panícula é conhecida como brusone de pescoço. Se a infecção ocorrer logo após a emissão da panícula, os grãos não são formados e a mesma permanece ereta. Quando a panícula é infectada tardiamente, há um enchimento parcial dos grãos, e em alguns casos, por causa de seu peso, ocorre a quebra da base da panícula.
 
Condições favoráveis
A brusone é favorecida pelo uso excessivo de nitrogênio e pelo plantio em solos com alto teor de matéria orgânica. A ocorrência frequente de orvalho, neblina e chuvas fracas, em períodos com temperaturas entre 20-30ºC são ideais para o desenvolvimento da doença. O uso continuado de uma mesma cultivar pode promover o aumento gradativo da incidência e severidade da doença.

Controle
Cultivares inicialmente resistentes tem a resistência superada poucos anos após seu lançamento, devido à elevada variabilidade genética do patógeno. Em função disso, deve-se realizar a rotação de cultivares associada à adubação equilibrada.
Nas regiões onde a ocorrência de brusone é frequente, recomenda-se a aplicação de fungicidas (Tabela abaixo). Nos casos onde a incidência da doença é elevada, devem-se realizar duas aplicações, sendo a primeira realizada no final do emborrachamento (final de R2), e a segunda no pleno florescimento (entre R3 e R4), cerca de 15 dias após a primeira aplicação.  Em situações de incidência moderada recomenda-se uma única aplicação, quando cerca de 5% das plantas estiverem florescidas (Estádio R3